A imprevisível liberdade e doçura do Caos
http://zenhabits.net/embrace-chaos/
Zen Habits é um dos mais
visitados blogs da internet com cerca de 200.000 subscrições (incluindo a minha). Foi criado
em 2007 por Leo Babauta
(Vou dizendo de
antemão que não darei qualquer palpite no artigo.Está perfeitinho do jeito que
foi escrito pelo Leo)
Você deve ter o caos dentro de si para
dar à luz uma estrela dançante. Friedrich Nietzsche
Vou compartilhar um truque
organizacional, de produtividade e planejamento, que vai mudar sua vida.
Trará alguns resultados imprevisíveis,
mas se o abordar da maneira correta, pode lhe trazer alguns dos trabalhos mais
incríveis de sua vida, além de liberdade, alegria e satisfação.
E qual é esse truque milagroso?
É um bem simples: Larga, deixa ir.
Deixe o controle de lado e permita-se
ser arrastado pelas poderosas correntezas da vida.
Deixe de lado o planejamento e abrace o
não saber o que vai acontecer.
Esqueça todas as idéias a respeito de
produtividade e se abra para novas idéias, novas oportunidades e a
espontaneidade da criatividade.
ARGUMENTO A FAVOR DO CAOS.
Considere o que fazemos quando
planejamos nosso dia, semana ou ano: estamos tentando controlar a vida, e
predizer, com nossos planos, que curso a vida tomará hoje, esta semana, este
ano.
Estamos dizendo: Isto é o que vou fazer
hoje. As coisas vão acontecer exatamente desse jeito. Se fizer todas essas
coisas, a vida vai ser boa. Esta
é minha idéia do que o dia trará.
Agora, considere o seguinte: não temos
idéia se tudo o acima é verdade. Não podemos predizer o futuro de jeito nenhum,
e a idéia de que podemos planejar, baseados nessas predições fraquinhas, é uma
ficção. Bem legal, sem dúvida, mas continua sendo ficção.
Não temos a menor idéia do que acontecerá
hoje, muito menos o resto da semana, mês ou ano.
Agora considere: como seria se
pudéssemos saber?
O que aconteceria se pudéssemos prever
cada dia, e planejar de acordo?
Ia ser uma grande coisa?
Diria que seria péssimo, infinitamente
pior do que não saber.
O ter preciência do futuro significa que
saberíamos o que fosse acontecer a cada dia, fazendo nossos dias não só
infinitamente chatos, mas também nos dizendo que estamos presos a um caminho
imutável.
Conhecer o futuro equivale a uma tremenda
falta de liberdade.
Então, não só não sabemos como não
deveríamos querer saber.
Podemos tentar planejar, mas esses
planos não se baseiam em conhecimento real, e provavelmente não vão acontecer,
de forma que planejar é perda de tempo.
O que é que podemos fazer ao invés de
tentar predizer o que vai acontecer, no lugar de planejar?
Aprender a aceitar a incerteza e estar
aberto a mudanças.
Aprender a largar mão do controle e a
surfar cada onda de mudança.
Deixar rolar a imprevisibilidade, deixar
que a aleatoriedade seja a força e a espontaneidade a regra em nossa vida.
ACEITANDO O CAOS
Alguns pensamentos aleatórios com base
em minhas experiências com desapego
Trabalha-se melhor com caos
Embora a idéia de ter uma pacífica ordem
em nosso dia de trabalho seja legalzinha, é uma ilusão.
E, francamente falando, um tédio.
O trabalho baseado na diversão, no
brincar e na espontaneidade é muito mais interessante.
Imagine um projeto que começa com uma
idéia espontânea, e dai muda seu curso na medida de seu desenvolvimento,
engloba idéias de gente desconhecida e termina num fantástico lugar que não
havia qualquer possibilidade de ser previsto quando começou.
Essa foi a maneira como fiz meu último
livro The effortless life (A
Vida sem Esforço), e me
diverti muito mais do que havia me divertido em projetos anteriores.
É como estou fazendo todos meus projetos
agora.
Um ano sem planejamento
Quando comecei os Zen Habits (Hábitos
Zen) em 2007, tinha meu ano todo planejadinho nos menores detalhes, com metas e
ações semanais.
Isso tudo foi chutado para o alto quando
comecei a escrever e a encontrar meus primeiros leitores, que mudaram minha
vida com seus comentários e sua atenção.
Minha vida virou de cabeça para baixo,
meus planos tornaram-se sem sentido, e aprendi que, apesar da vida ser
imprevisível, essa mesma imprevisibilidade pode trazer coisas extraordinárias.
Abra-se a novas possibilidades
Naquele primeiro ano dos Hábitos Zen,
aprendi a me abrir a novas oportunidades.
Repetidas vezes, novas portas se
abriram, portas que não conhecia, nem podia conhecer, aliás nem sabia que
existiam.
Vi a nova porta se abrir, considerei, e
entrei.
Isso aconteceu mais do que uma vez e me
ensinou que não há maneiras de planejar o caminho, quando não se sabe o que
cada passo pode trazer, nem que mudanças acontecerão ao caminho na medida em
que é percorrido.
Abra-se a pessoas desconhecidas
Digamos que você é daqueles que planeja
seu dia rigidamente.
Seu sistema de produtividade está todo
azeitado, todas as tarefas em marcha.
Você é uma máquina de produtividade.
Agora, por mero acaso, você se encontra
com um desconhecido que lhe diz Alô. Você responde alô, e agora cá está sua
oportunidade de conversar com esse desconhecido, de vir a conhecê-lo.
Mas aí, você vai se desviar do plano!
Você se atém ao plano ou começa a
conversar com o desconhecido?
Bom, se ater ao plano seria mais
produtivo e lhe daria mais controle sobre sua vida.
Mas, se conversar com o desconhecido,
pode fazer um novo amigo.
Pode aprender algo que nunca teria
aprendido de outra maneira.
Alguns de meus melhores amigos fiz deste
jeito, porque quis me desviar de meus planos e conversar com um desconhecido.
Caos é criatividade e criatividade é
caos.
São a mesmíssima coisa.
O trabalho criativo não acontece via
planejamento e controle.
Claro, alguns dos maiores gênios
criativos do mundo eram loucos por detalhes, mas nunca fizeram um plano para
poder ter uma idéia genial e criativa-essa idéia se lhes deu porque estavam
abertos a pensamentos aleatórios, exploraram caminhos que ninguém mais pensou
em olhar ou pegaram uma idéia de outrem e a torceram de uma maneira totalmente
nova.
Criatividade vem do caos, e é somente
quando nos abrimos para essa falta de controle é que podemos avançar para o uso
da criatividade que há em nós.
Algo a ser lido
Dois dos melhores livros que li
recentemente adotam a idéia da incerteza, e foram escritos por dois de meus
melhores amigos, os quais conheci por mero acaso via internet.
Meu amigo Jonathan Fields escreveu
Uncertainity (Incerteza), que explora algumas das idéias aqui
expostas.
Mary Jaksch mandou-me um livro
chamado Bring me the Rhinocerus (Traga-me
os Rinocerontes), que mostra como usar os koans da filosofia Zen para explorar
idéias similares. Recomendo ambos.
Largue suas expectativas
Quando largamos nossas expectativas de
que outras pessoas nos farão felizes, vamos poder curtir muito mais essas
mesmas pessoas.
Ficamos danados e frustrados porque
outras pessoas não agem como queríamos que elas agissem.
Esperamos que outras pessoas tentem nos
fazer felizes, que se tornem o oposto do que são para nos dar o que queremos.
Infelizmente não é para isso que os
outros também estão nesse mundo.
Quando largamos mão de nossas
expectativas, vamos aceitar as pessoas pelo que elas são e aprender a apreciar
essa singularidade.
Se você não esperar que as coisas
funcionem como planejado, você está aberto para o não planejado.
Se algo inesperado acontecer e você vai
na onda, há que largar os planos prévios, o que pode ser uma coisa maravilhosa.
Muitas pessoas, incluindo aqui meu velho
Eu, ficam frustradas quando aparecem coisas que não estavam planejadas.
Mas não precisa ser frustrante.
Simplesmente espere que planos mudem, ou
então não faça planos.
Espere pelo inesperado, e quando
acontecer, sorria.
Aprenda a gostar de não saber o que vai
acontecer
Esta é a derradeira liberdade.
Você não sabe o que vai fazer hoje, nem
o que vai aparecer.
Você está trancado no nada,
completamente livre para fazer qualquer coisa, para dar asas à sua
criatividade, para tentar coisas novas, para conhecer pessoas novas.
Pode ser meio assustador no início, mas
se sorrir quando pensar em não saber, logo logo vai notar que é uma coisa
alegre, leve e solta.
Quando não se focaliza em um resultado,
nos abrimos a possibilidade para muitos resultados.
Muitas pessoas estão focadas em um
resultado específico, perseguindo-o incansavelmente e descartando outras
possibilidades como meras distrações.
Mas o que acontece se você não tiver um
resultado específico em mente?
O que acontece se você disser que
qualquer resultado pode ser bom?
Pronto, abriu uma quantidade infinita de
possibilidades, e mais, é provável que aprenda algo novo e diferente do que se
fizer ou aprender apenas as coisas que sustem seu resultado pré-determinado.
É um mundo cruel e aleatório, mas o caos
é tão bonito Hiromu
Arakawa
Zen Habits é um dos mais
visitados blogs da internet com cerca de 200.000 subscrições (incluindo a minha). Foi criado
em 2007 por Leo Babauta
Leo Babauta é um ex-jornalista que deu uma virada
enorme em sua vida.
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