ABRACE O SOBRENATURAL: DE COMO SUPERSTIÇÕES, PLACEBOS E RITUAIS NOS AJUDAM A ATINGIR NOSSAS METAS


Embrace the Supernatural:How Superstitions, Placebos and Rituals Help you to achieve your goals



 
Michael Jordam usava os shorts de seu time de colégio, debaixo do uniforme dos Bulls, porque acreditava que lhe traziam boa sorte e, se considerarmos suas 6 vitórias nos campeonatos da NBA como prova, então sua superstição funcionou.

Parece bobo, alias, é bobo mesmo, mas não é exatamente mágica.

Por mais absurdo que possa parecer, psicológos tem uma explicação do porque, um amuleto, pode melhorar seu desempenho.

Superstições variam desde pequenas escolhas comportamentais, tipo colocar primeiro o sapato no pé direito, até decisões mais extremas, tipo evitar o número 13 de qualquer forma ou jeito.

O mais curioso é que essas coisas realmente funcionam, podem alterar nosso comportamento, melhorar nosso desempenho e nos ajudar a atingir nossas metas.

O que se segue, é uma entrevista com Dr. Stuart Vyse, professor de Psicologia no Connecticut College e autor do livro “Acreditar na Magia: A psicologia da Superstição”e Matthew Hutson, escritor escritor de artigos cientificos e autor do livro “As 7 leis do pensamento mágico: Como crenças irracionais nos mantém  alegres, sadios e sensatos”.

PORQUE SUPERSTIÇÕES E PLACEBOS MODIFICAM SEU COMPORTAMENTO

Como superstição é um termo muito generico, vamos a uma definição mais detalhada, que vem a ser a seguinte:

Superstição é uma crença e/ou comportamento incompatível com a ciência convencional e que atribui propriedades e funções mentais a fenômenos não mentais.

Essencialmente, é uma crença de que o universo está sempre nos observando e que o mesmo muda, a depender de nossas ações ou de algo que estamos segurando ou vestindo.

Parece ridículo né?

Então tá, vamos lá ver porque acreditamos.

PORQUE ACREDITAMOS EM SUPERSTIÇÕES

Básicamente, superstições são profecias auto-realizáveis.

Plantamos uma idéia na nossa cabeça que nos permite acreditar em magia, daí passamos a acreditar que o fazer determinada coisa ou usar uma bugiganga qualquer, vai nos ajudar a desempenhar melhor.

Parece insano, mas é fenômeno extremamente comum.

Todos nós temos diferentes teorias do porque acreditamos em superstições, mesmo quando lá no fundo, sabemos que é pura invenção.

Há 2 motivos principais: 

O primeiro é que assim somos ensinados quando crianças, pois fazem parte do folclore de qualquer cultura, fazendo parte do processo básico de socialização.

Além disso, vivemos num mundo onde coisas muito importantes estão acontecendo o tempo todo, coisas essas que, não só não podemos controlar, mas cujo resultado é incerto.

A superstição tende a emergir nesses contextos.

Se faz o possível para garantir que as coisas darão certo, e assim, empregamos a superstição como uma ferramenta a mais para garantir esse tal “dar certo”.

Também são mantidas em parte por aquilo que os psicólogos chamam de "ilusão de contrôle”, que é quando, em determinadas circunstâncias, não tendo qualquer poder sobre o possivel resultado de algo, temos a sensação de que, de alguma forma temos poder sobre a coisa, o que nos faz sentir bem, muito melhor do que apenas sentar e esperar pelos resultados.

Uma outra teoria, também baseada na ilusão de contrôle, é a respeito de dar sentido à vida que vivemos sendo o tema comum, o reconhecimento de padrões.

Todos nós somos ótimos em reconhecer padrões até mesmo quando não existem.

É como aprendemos.
É como vamos levando a vida.

Coincidências acontecem todo o tempo, e lá vamos nós imediatamente tentar encontrar um padrão para o ocorrido. 

Muitas vezes, contamos com essas coisas místicas que procuram explicar o que vemos.

Talvez nós, ou o Universo tenhamos feito essa coisa acontecer para podermos melhorar nossa vida.

Quanto à origem dessas crenças, o que parece é que evoluimos para acreditar em superstições baseados nesses reconhecimentos de padrões.

O biólogo evolucionário  Kevin Foster, em seu excelente artigo publicado na revista New Scientist, sugere que aprendemos superstições baseados em nossa necessidade de sobrevivência, pois qualquer animal precisa  fazer um balanço a respeito de estar certo ou errado a respeito de algo.

Pense só nas chances de que é um leão de verdade e não o vento quem está fazendo aquele barulinho farfalhante, e, batata, dá para prever  crenças supersticiosas.

Basicamente, temos superstições porque queremos acreditar que podemos mudar nosso destino, que um pouco de magia em nossa rotina pode mudar um evento  e porque todos nós necessitamos de uma injeção de auto-confiança.

Assim, óbviamente, não é nada ruim ter algumas superstições quando isso realmente melhora nosso desempenho.

COMO PLACEBOS PODEM IMPULSIONAR O DESEMPENHO DE MENTE E CORPO


Vale a pena falar um pouco sobre placebos, posto que pode-se pensar em superstições como formas de placebo, principalmente quando um objeto é imbuido com certas propieddes de cura ou de boa sorte.

Quando usamos algum placebo, nosso cérebro libera dopamina, neurotransmissor que, entre outras coisas, ativa o centro de recompensa do cérebro, o que muda nosso estado de espírito e humor.

(É por isso que o velho Hipócrates, pai da medicina, já dizia que o que cura não é o remédio, mas a relação médico-paciente, a qual, infelizmente tem sido perdida na assim chamada evolução das artes e ciências médicas. Claro que não estamos falando de cirurgiões, que só adquiriram status médico lá pelo início do séc. XIX, que antes disso eram barbeiros, que, além de barba e cabelo, cortavam fora verrugas, arrancavam dentes, estouravam abcessos, essas coisas,o que não era considerado medicina)

Reagir a um placebo é chamado de “efeito placebo”, coisa da qual todo mundo já ouviu falar.

(Agora, o que provávelmente poucos ouviram falar é que, uma droga/medicação é considerada eficaz quando tem apenas 25% maior eficácia que o placebo usado como comparação)

Tal qual com as superstições, o efeito placebo pode gerar um resultado subjetivo, e se acreditarmos no resultado, vamos nos conectar imediatamente ao que estavamos fazendo antes do resultado, isto é, usando um amuleto para boa sorte ou tomando uma pílula falsa, isto é sem nenhum componente ativo.

Sob certos aspectos, a diferença entre um placebo e uma superstição é bem pequena.

Por exemplo, tomemos o caso da insistência de muitissimas pessoas em acreditar que Vitamina C e Equinácea previnem  resfriados, apesar de não existir nenhuma evidência científica disso.

O que acontece é o seguinte, como explica o Dr.Howard Brody:

“Sabemos que dentre as inúmeras variáveis, uma das coisas que aparece prontamente ao menor sinal de ataque ao nosso organismo é a IgA, uma imunoglobulina presente na boca e no muco nasal e que é a primeira linha de defesa contra germes, tipo virus da gripe. Assim, podemos postular (mas não provar) que “placebos”estimulam produção de IgA sem qualquer efeito “quimico”direto, ou seja, efeito placebo.”

Neste exemplo, fica claro como placebos podem funcionar na prevenção.

Um outro autor, Steve Kotier, conta sua própia estorinha:

“Quando tinha 15 anos, minha patela sofreu uma quebra num acidente, esquiando. Nada há que se fazer a respeito, a não ser esperar e usar uma joelheira.Usei a minha até uns trinta e muitos anos. Todas as vezes que ia esquiar, minha joelheira ia comigo, não importando que minha patela estivesse mais do que soldada. Fato é, se não a usasse, o danado de meu joelho latejava”.

O importante é que, quando se acredita que fazer algo – tomar pílulas sem qualquer função, medicina alternativa, florais de bach, usar joelheira ou bater na madeira-  pode melhorar as chances de um resultado positivo, melhor fazer, pois isso pode desencadear respostas no cérebro e no corpo que ajudam a alcançar determinado objetivo.

QUANDO RITUAIS SE TORNAM SUPERSTIÇÕES


Pois bem, agora que entendemos o porque acreditamos em superstições e, de maneira similar, como os placebos funcionam, o que acontece com aqueles dentre nós que não cresceram com nenhuma superstição  mas mesmo assim acham que tem uma?

Eu, por exemplo (eu é o autor do artigo, não eu tradutora), sempre que tenho que falar em publico, tenho que andar até o fim do quarteirão, parar por 2 minutos, e voltar para a porta de entrada do prédio. Isso me parece um ritual mas, quando é que esses rituais se tornam superstições?

O Dr. Vyse explica:

“É psicológicamente muito importante que se estabeleçam rotinas – treinadores dizem aos jogadores que se estes não tem uma rotina pré-jogo, melhor inventar alguma – simplesmente porque é uma forma de combater a ansiedade o concentrar a mente em algum tipo de ‘mantra”. 

Isso é absolutamente racional.

Torna-se superstição quando passa a ser pensamento mágico, tipo assim, tem que dar 3 pulinhos quando se perde alguma coisa e fazer aquela rezazinha pro menino do pastoreio  (o exemplo é meu que o do autor é Americano demais para fazer sentido na tradução).

É quando a coisa sai do campo do ritual e passa para o campo do encantamento, da coisa "mágica”.

A diferença entre um ritual e uma superstição está nos resultados previstos.

Se se acredita que, o seguir determinada rotina, como a do autor , vai alterar os resultados de seja lá o que for, então é superstição.

Se o faz só para se acalmar antes de um evento importante, então é ritual.

O interessante é que, tanto rituais quanto superstições tem enormes benefícios psicológicos.

Superstições podem nos dar uma sensação de contôle sempre que estamos ansiosos e/ou não temos muito contrôle sobre a situação, e essa sensação de contrôle, mesmo que ilusória, pode realmente melhorar nosso desempenho.

PARE DE SER TÃO RACIONAL E ABRACE SUAS SUPERSTIÇÕES


Será possivel que, o ter uma superstição, seja ela qual for, realmente nos ajuda a melhorar nosso desempenho?

A resposta é um sonoro SIM.

Num estudo publicado no Jornal de Cieências Psicológicas, a pesquisadora de um experimento com jogadores de golfe, forneceu as bolas a todos eles.

Para a metade dos sujeitos, foi dito que as bolas eram bolas de “boa sorte”.

Os que ganharam as bolas sortudas, fizeram 35% a mais de tacadas bem sucedidas.

O sentir-se “sortudo”, deu-lhes melhor noção de sua auto eficácia (crença na própia competência), o que aumentou o desempenho no jogo.

 A mesma pesquisadora fez muitos outros testes,nos quais demonstrou que os sujeitos que se sentiam “sortudos” se saiam melhor em funções físicas e cognitivas e em jogos de memória.

Assim, usando o shorts como o Jordan ou qualquer amuleto, não só impulsiona a auto confiança mas também  nos faz visualizar resultados positivos.

 Além disso, prepara nosso cérebro para ser mais receptivo às oportunidades que se apresentarem, e faz com que projetemos positividade, coisa à qual todo mundo responde.

O imbuir objetos e rotinas com a potência mágica de uma superstição, é essencialmente uma forma de nos prepararmos para agir de determinada maneira que, se não é mágica, com esta muito se parece.

OS PERIGOS DA SUPERSTIÇÃO E O QUE DÁ PARA FAZER PARA MANTÊ-LA POSITIVA

Acreditar demais tem seus perigos, e
acreditar em
superstições azaradas, tipo numero 
13, gatos pretos,
andar debaixo de escadas não tem
 qualquer efeito positivo.

Na realidade, acreditar em má sorte 
aumenta nossa ansiedade.

Por outro lado, até as boas
 superstições podem ter efeitos
negativos se nos tornarmos muito
dependentes delas, ou
exagerarmos seus efeitos.

Pessoas podem investor muito dinheiro em loterias, 
tentando influenciar os numeros com rituais e
magias, ou corretores da bolsa a fazer negócios insensatos
por se sentirem demasiadamente confiantes.

Então, como em tudo o mais na vida, MODERAÇÃO é a
palavra chave, pois não importa quantas mandingas se
faça, vamos tomar pau num teste se não tivermos estudado.

Assim, use suas superstições para fazer sua vida mais leve
e lhe dar aquele tantinho mais de estímulo que todos nós
precisamos, lembrando-se que dependência é uma coisa
muito complicada, quer com superstições, relacionamentos 
ou drogas.


(E é por todo o acima que, esta que vos fala, amante de neurônios, fã de Voltaire e da razão, neuroscietista como dizem aqui, não sai de casa sem carregar numa bolsinha Prada, vermelhinha, ganha de primo, o Santo Antonio de bolso, herança de tia avó, 3 colares de orixás que, não só não lembro quais são, como do nome da mãe de santo que mos deu,aquela reliquiazinha de santo Antonio, de novo, dado por uma amiga querida, bolsinha essa guardada dentro de outra bolsa da mesma marca, essa preta e distinta, onde vão o batom, compacto, baby aspirina para caso ter um ataque cardiaco, aleve para dores em geral, agulhas, linhas e alfinetes, para problemas de vestimenta e band-aids de varios tamanhos, prá qualquer coisa. Yo non creo en bruxas, pero que las hay, las hay.)

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