RELAÇÕES TOXICAS - PADRÕES - Parte I de IV
Toxic relationships
As
tentativas equivocadas de cada parceiro são impulsionadas,
inconscientemente, por padrões neuronais de comando emocional (primeiros mapas
para amor/ sobrevivência), os quais automaticamente são ativados para que cada
parceiro possa se proteger do outro, em padrões extremamente similares aos que
desenvolveram na primeira infância.
Padrões Neurais Tóxicos - Funções no Roteiro
Num
relacionamento tóxico, relacionar-se significa perder o equilíbrio.
Ambos os parceiros "conspiram" inadvertidamente, em processos subconscientes, para ficar presos em um ou mais padrões de interação tóxicos.
Embora os
padrões individuais de cada casal sejam tão únicos quanto os parceiros individuais,
os padrões de conluio tóxico tendem a cair em um ou mais dos seguintes roteiros
:
1- Perseguidor X Evitador
ou Raiva Expressa X Raiva
Internalizada
Neste roteiro,
um dos parceiros procura a cooperação do outro de forma aberta, usualmente
descrevendo ações específicas que devem ocorrer para que se sintam seguros e
amados pela outra pessoa.
O outro parceiro parece concordar com as demandas, e
em alguns caso até compromete seu próprio sistema de valores para agradar ao
outro.
Porém, com o tempo, quando o parceiro que previamente tentou concordar
com tudo percebe que seus esforços não são sequer percebidos, ou não
apreciados, começa a resistir às demandas, geralmente usando subterfugios, ao
invés de claramente dizer as coisas.
Exemplo:
Parceiro
Perseguidor, acha que certas atividades são extremamente importantes e
urgentes, como discutir alguma coisa ou fazer coisas juntos, tipo terem mais
sexo, ou seja lá o que for, e procura engajar o Parceiro Evitador em seus
planos.
Nisto, Evitador, que parecia concordar com Perseguidor no início do relacionamento, começa a fazer malabarismos
para, por um lado, resistir às demandas do parceiro, e por outro, procurar
evitar perturbar ou irritar o mesmo.
Enquanto Perseguidor não tem nenhum problema em expressar sua raiva,
até mesmo admitindo ter
um temperamento explosivo (pode até considerar isto como um de seus pontos fortes) , Evitador internaliza a raiva, procura esconder ou
negar essa
emoção, tanto de
si mesmo como dos outros,
e mesmo quando ocasionalmente, explode, considera o acontecido como raro
ou o descreve como "frustração" em vez de raiva.
dramaticamente exibir seu
desapontamento quando demandas específicas ou expectativas não forem atendidas. (Este é um comportamento comum em situações
de violência doméstica.É sério , é feio e pode ser mortal).
Enquanto isso,
parceiro Culpado aceita a culpa, sente-se responsável por causar o mal estar no outro, e lida com o
stress através de contínuos pedidos de desculpas, tentativas de apaziguamento e
promessas de melhorar no futuro.
Interessante
é que ninguém responsabiliza o Culpante pela forma como trata os outros e pela falta
de equilibrio com suas própias emoções.
Esse tipo de pessoa tem pouca ou
nenhuma compreensão de seu papel na exacerbação da intensidade dos problemas, e
todos esperam que Culpado ajeite as coisas
para manter a paz, sentindo-se totalmente responsável pela gangorra emocional
do Culpante.
Na realidade, os Culpados, de forma geral, sentem-se orgulhosos de serem capazes de
apagar a fogueira emocional dos Culpantes, ou de agirem como mediadores,
suavizando os pepinos entre citado Culpante e outros membros da família.
3- O que faz X O que sente - Desvalorização Expressa X Desvalorização
Internalizada
Neste
cenário, uma pessoa está conectada com o que quer e o que não quer, e o que
fazer para obter resultados rápidos.
Esta pessoa faz, soluciona problemas, gosta de fazer as coisas
e logo,de tomar decisões e, em se comparando a seu parceiro, queixa-se da relativa
indiferença, inabilidade ou falta de iniciativa do outro.
Exemplo:
O
parceiro Faz quer que o parceiro Sente complete uma lista de coisas e produza
resultados especificos, avaliando a "atuação"do Sente em relação a certos parâmetros.
Na realidade,
Faz simplesmente não confia na capacidade de Sente, e tem toda a certeza de que
este o decepcionará. Enquanto isso, Sente fica na ansiosa expectativa de, em trabalhando
duro para fazer Faz feliz, qualquer hora
este irá apreciar os esforços e mostrar amor, carinho, aceitação, admiração
etc...
Sente procura
corrigir ou controlar os estados emocionais de Faz, mais especificamente para
impedi-lo de ficar chateado ou com raiva, no entanto tem pouco ou nenhum
interesse em "fazer as coisas."
Como Faz tem pouca capacidade de expressar emoções, cada vez mais parceiro
Sente passa a duvidar de sua capacidade de
"consertar"os sentimentos de Faz em
relação a ele (Sente), e começa a não se esforçar mais tanto para agradar.
Por seu
lado, Faz fica cada vez mais frustrado com a "resistência" de Sente em
escutá-lo, e interpreta isso como falta de respeito ou apreciação, sentindo-se
cada vez mais ansioso e inadequado a respeito de sua inabilidade “de controlar
ou fazer com que Sente lhe de o que ele acha que precisa para ser feliz.
Sente fica emocionalmente "sobrecarregado" ou " desliga" ao primeiro sinal
de desaprovação e raiva, ao mesmo
tempo que fica preocupado
com o futuro de seu relacionamento, família, etc, se não cumprir com
as expectativas de Faz.
Faz também, fica cada vez mais frustrado por que Sente não
fala sobre seus desejos
ou toma
a iniciativa para fazer coisas.
Sente
confessa não ter
"quereres", e vê seu foco em Faz como uma
forma essencial da expressão de seu amor e do que entende como sentir-se "valorizado" no relacionamento.
4- Responsável X Negligente - Desdém Expresso X Desdém Internalizado
Neste
roteiro, um dos parceiros na relação toma para si o papel de juiz e júri do
outro parceiro, e faz acusações e demandas, dizendo ao outro o que fazer, como
se vestir, o que pensar, etc.
Exemplo:
Responso sente-se
a parte "responsável", com o dever de agir de
acordo com elevados padrões morais na
área da família, filhos ou trabalho,
etc, e pode desprezar Negli como
pessoa incapaz de lidar com determinadas situações,
tais como finanças ou crianças.
Sente que é sua responsabilidade "educar"o
parceiro, e pode fazê-lo com doses
regulares de repreensão, acusações, provas
de
falhas no desempenho, etc.
Sentindo-se dependente da aprovação
de seu parceiro, pelo menos exteriormente,
Negli procura
agradar, apaziguar ou evitar
conflitos, e nega qualquer indicação de que
as coisas não estão indo bem em seu relacionamento ou família.
O que mais teme é não conseguir preencher as expectativas do
parceiro, e mesmo assim, quanto mais tenta fazê-lo, mais falha em suas
tentativas.
Pode chegar ao ponto de não fazer absolutamente nada para não
arriscar falhar.
Enquanto Responso desconsidera o valor de Negli, este expressa cada vez mais seu
ressentimento ou desprezo dos sentimentos do parceiro, com resistência.
Por um lado, Negli nada
mais quer do que conquistar a admiração de Responso, por outro, cada vez mais o
despreza pela maneira com que este
ignora ou maltrata o parceiro e outros, como por exemplo os filhos.
5- Moral X
Imoral - Desprezo Expresso X Desprezo Internalizado
Roteiro bastante similar ao anterior, no qual uma pessoa
atua como moralmente superior à(s) outra(s).
O primeiro se coloca em posição de julgar o outro com demonstrações de indignação, justo desprezo ou
intimidação, o que
acredita ser necessário para melhorar ou
beneficiar o outro.
Por outro lado, o outro, externamente aceita
o ter padrões morais mais baixos em comparação, e, além de tentativas ocasionais de apaziguamento, interiormente saboreia o resistir ao que vêem como
códigos morais desnecessariamente restritivos.
Exemplo
Parceiro
Mora tem altos padrões morais, ou tradições ou códigos de ética em casa, na
igreja, etc., e é obcecado com a idéia de fazer com que parceiro Imor também
siga essas regras de conduta, tipo ir à igreja ou se vestir de forma mais
apropriada, etc., sentindo ser sua responsabilidade a conversão de Imor,
salvá-lo de si mesmo.
Enquanto isso, Imor
parece
não dar muita bola para as "admoestações"
, e faz pouca ou nenhuma tentativa
de mudança, além de, externamente,
acompanhar Mora de vez em quando ,para manter a paz.
Mora pode, regularmente,
expressar seus sentimentos de desprezo
(superioridade moral) para o Imor, por "não ser a pessoa"
que Mora acreditava que fosse, enquanto Imor, fingindo
humildade, pode interiormente
sentir-se superior, saboreando sua capacidade de bloquear as tentativas de Mora
de tentar mudá-lo.
Em algum momento, usando caminhos
ocultos ou secretos, Imor pode expressar
ou atuar seus crescentes sentimentos de desprezo para o que ele vê como uma postura dura e hipócrita de Mora para controlá-los.
A NATUREZA AUTO-DESTRUTIVA DOS
CONLUIOS TÓXICOS
Naturalmente, a
coisa toda nunca funciona.
A relação tóxica é a que está fora de equilíbrio,
resultado que afeta e é afetado pelo equilíbrio interno de cada parceiro.
Os papéis nos
roteiros de cada parceiro nos padrões tóxicos descritos acima são projetados
para se opor diametralmente uns dos outros nos esforços para formar uma
sensação de segurança no relacionamento.
Não é de se surpreender que os problemas de base que um casal enfrenta no
início da relação tendem a permanecer como tema consistente durante todo o
curso da mesma.
Apesar de
ocasionais mudanças dramáticas e troca de roteiros, talvez em diferentes áreas
ou estágios no curso de uma vida em comum, cada parceiro fica
"travado" em padrões de interação,
inconscientemente convencidos de que sua felicidade e auto-estima
futuras dependem de mais, e não menos,
confiança em suas próprias estratégias de proteção, apesar da ampla evidência
em contrário.
O que mantém os parceiros e sua relação fora de equilíbrio?
Circuitos emocionais de comando, que ativam padrões
neuronais de proteção précondicionados .
Na segunda parte veremos como esses padrões tóxicos
desestabilizam a segurança emocional dos parceiros e da relação.
Nas partes 3 e
4, o que os parceiros podem fazer para se libertar dos citados padrões.
Dra. Athena Staik
é terapeuta de familia e casal, consultora de relacionamentos e autora.
Terminando de ler me pergunto: é possível um casal ter mais de um roteiro ou ainda, é possível um do parceiros agir em um determinado roteiro e o outro reagir em outro?
ResponderExcluirSim, perfeitamente possivel, posto que cada um dos parceiros responde a suas propias pre-concepcoes e nao ao que o outro esta dizendo ou fazendo.
ExcluirMuito esclarecedor, vou seguir a sequencia, obrigada!
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