COMO ESCOLHER O MELHOR APLICATIVO PARA SUA SAÚDE MENTAL

(Nota da tradutora: Apesar de toda a facilidade de um aplicativo, deixo bem claro que eles funcionam em casos de distúrbios muito leves. Doenças psiquiatricas devem ser tratadas com especialista no assunto, alias, como e qualquer outro distúrbio)

Um estudo de 2018 na revista Nature contou 318 mil aplicativos de saúde, variando de obesidade e diabetes a saúde mental em geral. A ascensão da terapia digital para a saúde mental tem o potencial de abordar dois dos maiores obstáculos à terapia: alto custo e restrições de tempo, assim como outras atitudes negativas em relação à terapia, tais como preocupações com confidencialidade e antipatia por procurar ajuda.

Mas só porque existem 318 mil aplicativos de saúde, não significa que todos funcionem.

Em outro estudo da Nature (2019), os pesquisadores avaliaram 73 aplicativos de saúde mental, representando os aplicativos mais bem classificados do Google Play e do iTunes. Eles descobriram que, enquanto 64% dos aplicativos alegavam eficácia em diagnosticar uma condição de saúde mental ou melhorar os sintomas e o humor, a eficácia de apenas dois aplicativos poderia ser apoiada por um estudo. E enquanto 44% dos aplicativos usavam palavras científicas na descrição do aplicativo, apenas metade desses aplicativos estava associada a qualquer tipo de evidência na literatura acadêmica.

O estudo de 2019 confirma uma investigação dos mesmos autores que descobriu que, quando se tratava de aplicativos que alegavam ajudar a depressão, 38% das descrições incluíam redações relacionadas a alegações de eficácia. Enquanto isso, apenas 2,6% deles forneceram evidências para comprovar as alegações.

Nem todos os aplicativos de saúde mental são iguais, diz a psicóloga Melanie Badali, Ph.D. “Alguns aplicativos são baseados em evidências científicas e demonstram ter benefícios para a saúde mental, enquanto outros são ineficazes, ou potencialmente prejudiciais, e podem ter falhas de privacidade. Vale a pena gastar um pouco de tempo examinando a credibilidade de um aplicativo, pois isso economizará tempo e, possivelmente, dinheiro a longo prazo.”

Judson Brewer, Ph.D., também tem o cuidado de salientar que só porque um aplicativo usa a frase “baseado em ciência” em sua descrição, não significa que realmente o seja. Brewer, que é diretor de pesquisa e inovação do Centro de Mindfulness da Brown University e professor associado de psiquiatria, ajuda a criar aplicativos baseados na ciência.
Em 2012, fundou a MindSciences, uma empresa de terapia digital para trazer descobertas científicas da “torre de marfim” da academia para as mãos das pessoas que podem se beneficiar dessas descobertas.
"Sou psiquiatra, por isso estou sempre muito interessado em garantir que tudo que faço seja útil para os pacientes", diz Brewer. "Sempre tive essa visão de ter minha pesquisa aplicável".

A MindScience contratou três graduandos da Yale para construir seu primeiro aplicativo móvel, e assim nasceu o Craving to Quit ( Desejo de parar, tradução minha livre, não sei se existe em português) para parar de fumar.

Estudos subseqüentes mostraram que o programa de bem-estar de 21 dias, baseado em mindfulness é duas vezes mais eficaz do que o programa Liberte-se do Fumo, da American Lung Association, e na, verdade diminui as respostas neurais aos sinais do fumar.

Suas outras aplicações encontraram sucesso semelhante.

Um estudo clínico que avaliou o Eat Right Now (Coma direito agora, outra tradução livre), outra terapia digital da MindScience destinada a ajudar as pessoas a superar a compulsão alimentar, mostrou uma redução de 40% na alimentação relacionada à dita compulsão Os dados iniciais do aplicativo Anxiety Unwinding (Desprenda-se da Ansiedade, mais tradução livre) mostram que, em média, isso leva a uma redução de 48% na ansiedade após 28 módulos.

Brewer projeta seus aplicativos para atender o que ele espera ser o “padrão ouro” da terapêutica digital. Programas que podem explicar, em teoria, por que seu serviço funciona, podem explicar o mecanismo cerebral subjacente ao “por quê” e comprovar essas explicações com resultados clínicos em testes de controle randomizados.

Ele aconselha que, se quiser escolher uma terapia digital para usar, é importantissimo verificar se o programa é apoiado por estudos adequados e explica como o serviço funciona, mecanicamente.
Os estudos são o padrão-ouro, com certeza, mas também são muito caros e levam anos para ser realizados, e assim, muitas vezes, aplicativos apoiados por empresas empreendedoras estão mais interessados em tornar algo amigável ao consumidor e levemente científico, sem gastar tempo e dinheiro.
Se algo está reivindicando algum tipo de milagre, desconfie, pois provavelmente não é verdade ”, diz Brewer. "A vida simplesmente não funciona dessa maneira."

Badali informa que, ao escolher uma terapia digital, é importante fazer perguntas tais como se vem de fonte confiável, se é clinicamente eficaz e se é adequada para o seu problema.

Embora atualmente não esteja claro a partir de pesquisas acadêmicas quais são os candidatos ideais para uso dessas intervenções, é provável que sejam uma opção apropriada para pessoas que têm “um risco maior de desenvolver problemas de saúde mental” ou para “sintomas moderados ou comprometimento funcional ”. Em outras palavras, para os que buscam prevenção e intervenção precoce.

Brewer descreve a terapêutica digital como “apenas uma ferramenta que se combina com outras ferramentas”. Elas podem ser complementares à sua vida, em vez de uma panacéia para seus problemas. E, quando você encontrar o aplicativo certo, ele pode realmente funcionar. Existem aplicativos legítimos que comprovadamente ajudam pessoas com vários problemas, como insônia e abuso de substâncias. Às vezes, a terapia digital pode ser tão eficaz quanto a terapia em pessoa - e a um custo menor.”

(Aqui vou eu discordando do Brewer, porque nada substitui a relação face a face, nem em terapia, nem na vida. Tenho cá como observação pessoal, minha relação com o Facebook, do qual sou fã, pois me permite contato fácil com parentes e amigos espalhados pelo mundo. Posso trocar notícias, piadas, bobeiras, discutir politica, religião, acontecimentos, o que der na telha, programar os próximos encontros, enfim, pregustar o real encontro, da sentada para o cafézinho, do abraço apertado, do atropelar falas por tanta coisa a colocar em dia, do real olhar para o outro, daquele marejamento dos olhos que a gente diz que é alergia, do cair na gargalhada e ver o outro gargalhando, o mesmo para o chorar sentido. Muito antigamente, dizia-se para certo ato, que era o caso de um uísque antes e um cigarro depois. Pois considero qualquer aplicativo o uísque antes e o possivel cigarro depois, mas a realidade está no meio. Na terapia e na vida)

E vamos aos aplicativos:

Train your brain, change your habits (todos os aplicativos estão descritos no site) CLIQUE AQUI

MindSciences Releases a Spanish Version of Eat Right Now®, It's Award Winning Evidenced Based App For Optimal Eating Habits  CLIQUE AQUI

Artigo Original CLIQUE AQUI

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A MÁSCARA DA SANIDADE

OS 200 VIESES COGNITIVOS QUE GOVERNAM NOSSOS PENSAMENTOS COTIDIANOS

OS 14 HÁBITOS DE PESSOAS ALTAMENTE MISERÁVEIS, OU, COMO TER SUCESSO EM AUTO SABOTAGEM