ESTUDOS DA MENTALIDADE DE MASSA, OU PARA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER.

Charles-Marie Gustave Le Bon foi um francês politudo. Formado em medicina, jamais a exerceu, pelo menos da forma clássica, enquanto seus interesses espalharam-se pela antropologia, psicologia, sociologia, invenções variadas e física. Seu livro mais conhecido, é Psychologie des Foules (The Crowd: A study of the Popular Mind- Psicologia das Multidões), considerada a obra seminal da Psicologia das Massas. Isto em 1895.

E neste momento histórico, de pós verdades e fatos alternativos, o povo assustado, de neurocientistas a sociologos, historiadores, academicos das mais variadas linhas se perguntando , não só como foi que isso aconteceu, mas como diabo parar tal trem descarrilhado, velho Le Bon surge citado mais que a Kardashian, que até hoje não sei porque é famosa.

Esse fenômeno populista, que usa medo e desinformação como munição, não está restrito aos USA. Está espalhado e crescendo. Ou como disse um cômico famoso: “1984, do Orwell, era para ser um sinal de alerta. Virou manual de instrução.”



Vimos o mesmo fenômeno com com o Brexit; na Alemanha com a ascensão das Alternativas for Deutschland, partido ativamente euro-cético, e, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, há nacionalistas no parlamento alemão; aconteceu com as recentes eleições italianas, onde todos os partidos do establishment foram expulsos e em seu lugar voltou o
Movimento Cinco estrêlas e a Liga (forças políticas euro-céticas, anti-imigração)

Isso não é coincidência.

Em 1984, Yuri Alexandrovich Bezmenov, ex espião russo que se safou para o Canadá em 1970, durante uma entrevista, levantou pontos interessantissimos. Disse ele: “Há um plano, de longo prazo, colocado em prática pela Rússia para derrotar a América através da guerra psicológica e da "desmoralização. É um jogo longo que leva décadas para ser alcançado e não envolve espionagem. Sua maior parte, 85%, é um processo lento de subversão ideológica, medidas ativas ou guerra psicológica. O que basicamente significa é: mudar a percepção da realidade das pessoas, de tal forma que, apesar da abundância de informações, ninguém é capaz de chegar a conclusões sensatas no sentido de auto defesa ou defesa de suas famílias, de sua comunidade e de suas país.É uma grande lavagem cerebral que tem 4 estágios básicos: 

1- DESMORALIZAÇÃO: leva de 15 a 20 anos para dar resultados.É o número mínimo de anos necessários para reeducar uma geração normalmente exposta à ideologia de seu país. Em outras palavras, o tempo que leva para mudar o que as pessoas estão pensando. É um processo irreversível, porque, depois de completado,as pessoas não conseguem mais mudar de idéia, mesmo quando expostas a informações autênticas. Mesmo se for provado que branco é branco e preto é preto, não se pode mudar a percepção básica e a lógica do comportamento.

2- DESESTABILIZAÇÃO: (2 a 5 anos). Aqui o que importa é o direcionamento dos elementos estruturais essenciais de uma nação: economia, relações exteriores e sistemas de defesa. Basicamente, o subversor procura desestabilizar cada uma dessas áreas no pais alvo, enfraquecendo-o consideravelmente.

3-CRISE: é rápida, apenas seis semanas. A crise traz uma mudança violenta de poder, estrutura e economia e é seguida pela última etapa, 

4-NORMALIZAÇÃO: é quando o país é basicamente tomado, vivendo sob uma nova realidade e ideologia.


Perfeito. Porém tudo o acima, para poder acontecer, depende do que Le Bon descreveu, e que resumo:

1- MULTIDÕES TORNAM POSSIVEL O IMPOSSIVEL
O improvável não existe para uma multidão, o que explica a facilidade com que são criadas e propagadas as lendas e histórias mais improváveis.
As multidões, sendo incapazes tanto de reflexão quanto de raciocínio, são destituídas da noção de improbabilidade; pois, de modo geral, as coisas mais improváveis é que são mais impressionantes.
Multidões só são capazes de pensar em imagens e só se impressionam com imagens. São apenas as imagens que os aterrorizam ou atraem e se tornam motivos de ação.
Assim, se a multidão é incapaz de distinguir entre o improvável e o provável, e as imagens que associa à improvável ação de invocação, então coisas estranhas vão acontecer.

2- MULTIDÕES CRIAM IMPULSO
 O indivíduo que faz parte de uma multidão adquire, apenas por considerações numéricas, um sentimento de poder invencível que lhe permite ceder a instintos que, se estivesse sozinho, teria que reprimir.
Uma multidão não está preparada para admitir que existe algo entre seu desejo e a realização do mesmo.
 A sensação de fazer parte de um movimento maior do que o indíviduo, proporciona uma confiança inabalável. Quando aplicada a atividades especulativas, manifesta-se na confiança inabalável da multidão, não importando quão horrivel seja o resultado. 

3-ESTA É A ERA DAS MULTIDÕES
 Os destinos das nações são elaborados, atualmente, no coração das massas e não mais nos conselhos dos príncipes.

4- HIPNOTISMO E FASCINAÇÃO
 Um indivíduo imerso por algum tempo numa multidão em ação, vai se encontrar (seja em conseqüência da influência magnética da multidão, ou de alguma outra causa ainda desconhecida), num estado especial, que muito se assemelha ao estado de fascinação no qual o indivíduo hipnotizado fica  nas mãos do hipnotizador. Estando a atividade cerebral paralisada, no caso do sujeito hipnotizado, este se torna escravo de suas atividades inconscientes, que o hipnotizador dirige à vontade. A personalidade consciente desapareceu inteiramente; vontade e discernimento estão perdidos. Todos os sentimentos e pensamentos são dobrados na direção determinada pelo hipnotizador.
Do ponto de vista intelectual, pode existir um abismo entre um grande matemático e um sapateiro, mas do ponto de vista do caráter a diferença é, na maioria das vezes, leve ou inexistente.
São precisamente essas qualidades gerais de caráter, governadas por forças das quais somos inconscientes, e possuídas pela maioria dos indivíduos normais de uma raça quase no mesmo grau,são precisamente essas qualidades que, em multidões se tornam propriedade comum.
 Ou seja, se sucumbirmos à multidão, estamos danados, não importando sermos PhD ou faxineiros. Qualquer vantagem intelectual que se tenha ganho durante anos estudando,desaparece. A multidão é um nivelador, composto de elementos comuns, não distinguidos.

5- RESISTA, É POSSIVEL
Seja Científico: Permaneça Desassociado dos Resultados
A multidão psicológica é um ser provisório formado de elementos heterogêneos, que por um momento são combinados, exatamente como as células do corpo,que, por sua união, formam um novo ser que exibe características muito diferentes daquelas possuídas por cada uma das células isoladamente.
A única alternativa possivel para não sucumbir ao canto de sereia da multidão é o método científico (isto é, criação e teste de hipóteses repetidas). Nesse sentido, os resultados são de pouca importância, é a disciplina do processo que importa.

The Crowd: A study of the Popular Mind   LEIA ORIGINAL AQUI

E a constante destruição do pensamento crítico, ou científico, como queiram, que vem num crescendo desde a invenção da TV, alcançando seu ápice com a Internet, é fenômeno evidente. Bombardeio dioturno de imagens. Vi há poucos dias no FB um filminho “contra o aborto”, que mostrava um feto sofrendo durante tal intervenção. É impactante, chocante, horrivel. Completamente  apaga as perguntas óbvias:
1-    Como e porque haveria alguém de filmar o próprio aborto?
2-    Se está praticando tal coisa, porque mostrar ao mundo quão horrível é o ato que está praticando?

Isso sem contar que, mesmo ao nascimento, nosso córtex cerebral para dor não está desenvolvido, posto que, se estivesse, ninguém sobreviveria ao nascimento.

Imaginem o seguinte: lá está o fetinho bem tranquilo dentro de um líquido , quando, de repente, esse liquido se esvai, sua cabeça é enfiada num tubo bem menor que a mesma, fazendo com que os ossos cranianos se acavalem, senão não passa. No que começa a sair para o mundo, os pulmões, que estavam colabados, já que não se respira detro de água, se expandem (é o tal choro do bebê, com o qual fica todo mundo feliz), o buraco entre as 2 partes do coração se fecha, e a circulação, que era venosa, passa a ser arterial. Isso sem contar a luz atacando os olhos, que até o momento, fechadinhos estavam. E esta é a descrição de um parto perfeitamente normal, daqueles nos quais a criança, segundo a velha piada de meus tempos de estágio na obstetrícia, a criança nasce com, sem ou apesar do medico.

E caso alguém se levante em armas achando que sou propositaria do aborto, vou avisando que uma coisa nada tem a ver com outra, foi só a melhor analogia que encontrei para o que é pensamento crítico.

Só resistindo a meu modo

E la nave vá…


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