AS ÚNICAS COISAS QUE PODEMOS CONTROLAR NA VIDA.
Não sei
quanto a vocês, mas volta e meia minha vida complica com gosto. É muita coisa
para gerenciar: emprego, casa, família, comida saudável, exercícios, yoga,
meditação, exercitar cachorros, alimentar os animais, escovar os mesmos, ter
tempo para jogar conversa fora com amigos, comparecer em coquetéis relacionados
a trabalho (detesto), desenvolver as atividades de voluntariado (adoro), pagar
contas, achar um tempinho para o “dolce far niente”, enfim, o básico da vida
moderna.
Isso tudo, para alguém como eu que não tem a menor vocação para
gerente de coisa alguma, e cujo sonho de consumo era ter um mordomo inglês
chamado James, que me acordasse às 7:30 da manhã, com uma bandeja com um belo
cappuccino e dissesse: “Good morning madam. It is a gorgeous day! ”, após o
que, tomado meu cappuccino, virava na cama e o mandava plantar coquinhos.
Acredito que o viver seja um exercício em ironia, posto que casei com um inglês
e tenho um neto chamado James.
Como todo o
resto de minha geração, cresci acreditando que, se fizesse tudo direitinho, me
esforçasse bastante e, dentro do possível, seguisse as regras, tudo daria certo,
coisa que começou a se mostrar inviável no comecinho da adolescência, quando
meu corpo começou a ter mudanças as quais, não só odiei, mas sobre as quais não
tinha qualquer controle. Veja o caso dos pés. Tinha a impressão que, quando
dobrava uma esquina, eles chegavam lá muito antes do resto de mim. Quando a
moda eram curvas, era reta como tábua de passar roupa, e, ao ficar feliz com a
primeira delas, eis que Twiggy entra na moda. Não bastasse a retidão do corpo,
cabelos tão lisos quanto, e loiros. E dá-lhe a fazer touca nos meus castanhos e
ondulados. Muito ondulados. Pelo menos, me dizia eu, nos momentos de inveja
crassa, você tem olhos azuis. Grande vantagem, me respondia uma vozinha
interior, você tem fotofobia e está de óculos escuros todo o tempo.
Lá pelos 20
anos, intelectual que queria ser, melhor dizendo, achava que deveria ser, eis
que começo o Ulysses, do James Joyce, e depois de 5 anos, nunca tendo
conseguido passar da página 36, devido a cair em sono profundo, ter que
admitir, só para mim mesma, só agora confessando, que acho a obra prima da
literatura universal a coisa mais chata que já vi na vida, pior que discurso de
assessor na Assembleia da ONU.
E
finalmente, eis que viro neurologista e psiquiatra, e para mal de meus pecados,
aprendo a duras penas que, faça eu o que fizer, a última e definitiva palavra é
do paciente. É ele/ela que vai decidir se, quanto e como vai melhorar ou se
curar. Meu trabalho é organizar e apresentar as possibilidades.
E aí, venho
morar na terra de tio Sam, onde controle parece ser a palavra operativa para
tudo.
As pessoas
acham que devem, e podem controlar todos os aspectos da vida. Desde como estar
preparado para tempo inclemente (o que gostei, nunca achei na vida que teria um
kit desastre, pronto e revisto duas vezes ao ano), até exatamente como a vida
vai se apresentar nos próximos 50 anos.
E aí, a
porca torce o rabo, a vaca vai para o brejo, uma borboleta bate as asas em
Tóquio e temos um terremoto em Los Angeles, e nossa casa de cartas vem abaixo,
porque ninguém aprendeu que a vida é a própria teoria do Caos em funcionamento,
e que a única coisa sobre a qual temos algum controle, é a nossa reação ao que
acontece, muito raramente aos acontecimentos em si.
Todos
queremos felicidade e sucesso, e nem paramos para pensar que são duas coisas
para as quais temos que definir ou dar nosso próprio significado.
Para
Winston Churchill, “sucesso é ir de uma falha a outra, sem perder o
entusiasmo”. Para o general Patton, “sucesso é sua capacidade de recuperação
quando você chega no fundo do poço”. Já Mark Twain acreditava que, para ter
sucesso na vida, haveria que ter 2 coisas: ignorância e confiança.
Minha
definição preferida, vem de Bessie Anderson Stanley, que é a seguinte:
“Conseguiu
sucesso aquele que viveu bem, riu frequentemente, e muito amou;
Aquele que
teve a confiança das mulheres puras, o respeito de homens inteligentes e o amor
das criancinhas;
Quem
preencheu o seu nicho e cumpriu sua tarefa;
Aquele que
nunca deixou de apreciar a beleza da Terra ou deixou de expressá-la;
Quem deixou
o mundo melhor do que encontrou,
Quer por
ter plantado uma flor, feito um poema perfeito, ou ter resgatado uma alma;
Quem sempre
viu o melhor nos outros e deu-lhes o melhor que tinha;
Aquele cuja
vida foi uma inspiração;
E cuja
memória será uma bênção ".
Felicidade
e sucesso, apesar de terem que ser definidos por cada um de nós, tem muito a
ver entre si, e a maioria dos estudos na área tem demonstrado que é a
felicidade que leva ao sucesso e não vice-versa.
Tomamos
milhões de pequenas decisões o tempo todo, e o resultado de cada uma é
positivo, negativo ou neutro. Quanto mais decisões positivas e menos negativas
fazemos, melhor. Simples: escovar os dentes 3 vezes ao dia, comer comida
saudável, exercitar-se regularmente, são alguns exemplos de ações que nos fazem
sentir bem e nos aproximam de nossas metas, apesar dos esforços que elas
implicam.
Já,
decisões negativas, tipo não escovar os dentes, entupir-se de doces, não fazer
exercícios, dificulta o alcance das metas porque essas decisões não nos fazem
sentir bons, poderosos ou confiantes. São decisões que mais tiram do que dão,
pois interferem com nossos níveis de energia, destroem nossa motivação e
embaçam nosso foco. Lembra a culpa/remorso que sentiu depois que se estufou com
o terceiro pedaço de bolo de chocolate exatamente antes de uma entrevista
importante porque estava mais preocupado com o desconforto do estufamento, do
que com o que estava acontecendo no momento? Ou quando comprou aquele sapato
maravilhoso para a festa, mas que não ajustava perfeitamente no seu pé, e
passou a festa inteira sem poder curtir ou dançar porque o raio da lindeza
incomodava? Pois é.
Embora
fazer escolhas saudáveis possa parecer mais difícil, a vantagem acaba sendo
enorme, e é surpreendente como essas escolhas acabam se tornando muito mais
fáceis, tão logo o primeiro esforço seja feito. Então para de se preocupar com
o que não pode controlar e comece a aprender como dominar o que pode.
Cat
Goldber, neuromarketeira (tradução besta minha de “neuromarketer” e nem o
Google tem a tradução. De qualquer forma, NEUROMARKETING é um novo campo de
pesquisa de marketing no qual são estudadas as respostas cognitivas, afetivas e
sensório-motoras dos consumidores a estímulos de marketing.). Como dizia, a
citada veio com a ideia de COMO SE TORNAR SENHOR DA PRÓPRIA VIDA EM 7 SIMPLES
PASSOS, que reproduzo abaixo. (E aqui registro minha mais profunda inveja desse
pessoal que trabalha em marketing e que tem recursos disponíveis, falo de
dinheiro, em muito maior quantidade que todos os pesquisadores de laboratórios
do universo). Registrada, vamos ao que interessa:
11- INSPIRE, EXPIRE, REPITA
A maioria das pessoas sequer pensa sobre a sua respiração, a qual
obviamente é importante, mas também o é a capacidade de se concentrar nela. Sentir
seu peito expandir quando inala, e relaxado quando expira. A respiração é a
base e a forma de acalmar pensamentos que se atropelam. Assim que lhe acontecer
algo desagradável, basta tomar algumas respirações profundas e se concentrar
não em como a situação é horrível, mas na sua respiração. Quando se concentrar
em sua respiração, conte "um" quando inala, "dois" quando
expira. Quando chegar a 10, comece tudo de novo. Vai começar a se sentir melhor
imediatamente. (Lembra de mãe, vó, os mais velhos lhe dizendo que antes de
fazer qualquer coisa contasse até 10? Brilhante ideia).
22-CONVERSE COM VOCÊ MESMO
Todos temos vozes em nossas cabeças, vozes essas que podem ser bem
críticas e atrapalhar nossa felicidade e sucesso. Conte as vezes que você
costuma entrar em conversas internas negativas durante o dia. Vai ficar
surpreso com o quanto se critica. Troque por declarações encorajadoras, e sua
atitude vai começar a mudar. Tente falar para si mesmo com compaixão. Por exemplo,
em vez de dizer que você não é bom o suficiente, lembre-se que você é digno de
amor e atenção, ou que não há problema em cometer erros, pois todos nós o fazemos!
33-SEJA GRATO
Se praticar gratidão diariamente, sua felicidade e produtividade
aumentarão. Cultivar a gratidão nos treina a concentrar na esperança, a
permanecer inspirados, e a ser otimistas, dando-nos a coragem e a resiliência para
perseverar em face de contratempos, além nos colocar em excelente estado de
espirito.
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4-TORNE-SE FLUENTE EM LINGUAGEM
CORPORAL
De acordo com a neurocientista Amy Cuddy, você pode demonstrar poder e
confiança simplesmente mudando sua postura corporal, por exemplo, adotando uma
postura “poderosa”, com os braços nos quadris e pés bem plantados no chão e um
pouco afastados, o que faz com que ocupe mais espaço, o que por sua vez aumenta
a testosterona e diminui o hormônio do estresse (cortisol). O resultado? Esta "pose de poder" vai fazer com que se sinta mais confiante. Pense
nisso antes de se reunir com um cliente potencial, ir a uma entrevista de trabalho,
ou até mesmo antes de sair de casa.
55-DESENVOLVA APTIDÃO FÍSICA E MENTAL
A autora acha que tem suas melhores ideias quando está naquela esteira
elíptica. Segundo ela, exercitar-se é a chance que ela tem de ouvir música e
pensar a respeito de nada. Já, para mim, é andando à toa. O fato é que não há
qualquer necessidade de ir à academia de ginástica, é só pegar 20 minutos do
dia, tirar o traseiro da cadeira e mexer-se. O movimento ajuda a liberar a
mente e corpo de formas a ter mais acesso a nossos potenciais criativos. Há
vários estudos demonstrando que o simples andar aumenta a criatividade.
Movimento ajuda na criatividade e aumenta o foco. Treinar o cérebro é tão fácil
quanto importante. Se joga Sudoku ou faz palavras cruzadas, ou subscreve o app
Lumosity, seu cérebro vai sentir a diferença. Benefício semelhante é dado pela meditação.
Apenas 20 a 30 minutos aumentam o foco, reduzem o stress e ansiedade, e podem
até mesmo diminuir dores físicas.
6-FIQUE
ESPERTO COM O QUE COME
Mesmo que
seja muito gostoso, junk food é um desastre, tornando corpo e mente lerdos e
tristes. Consumir muito açúcar tem sido
associado a todos os tipos de condições médicas (incluindo síndrome metabólica
e doença cardiovascular), para não mencionar mudanças de humor e “esquecimentos”
que matam a produtividade. Além disso, já foi demonstrado que alimentos processados
agravam, ou até mesmo causam, doenças crônicas como diabetes, obesidade e até
câncer de mama. Correções simples, como ter frutas à mão, nos ajudam a fazer a
escolha mais saudável quando estamos esgotados e com fome e loucos para ingerir
qualquer coisa. Fácil de fazer, convenientes para transportar, potinhos de
frutas são deliciosos e nutritivos. (Fala sério, quanto tempo você gasta para
colocar meia dúzia de morangos e uma pera num tupperware?)
7-DORME,
CRIATURA
Sono é
fundamental para foco, concentração, trabalho e desempenho acadêmico, mantem o
apetite sob controle, e mais uma série de outros resultados positivos para a
saúde. Para dormir bem, há necessidade de rotina. Se seu cérebro não consegue
se acalmar, enquanto está tentando dormir, você pode dizer a si mesmo:
"Estou orgulhoso do trabalho que realizei hoje, vou deixar meu cérebro e
corpo descansar agora." Ou tente outras técnicas de relaxamento, incluindo
cortes na ingesta de álcool pois quem bebe mais dorme menos.
3 DICAS
PARA FACILITAR O CORTE DE MAUS HÁBITOS E PASSAR A VIVER MELHOR A VIDA:
1-VISUALIZE
Seja lá o
que for que você queira fazer, você precisa se ver fazendo a coisa. Para a
maioria de nós, o trabalho que fazemos enquanto procrastinamos é provavelmente
o trabalho que devemos fazer para o resto de nossas vidas. Pratique visualizando
este conceito com os olhos fechados por alguns segundos: Onde você está
trabalhando? Como é o local? Qual é a temperatura? Como é a iluminação? Como
você se sente? Você está tomando café ou água? Que horas são? Quanto mais sentidos
envolver, melhor. Mantenha-se imaginando isso, a fim de aumentar a
probabilidade dessas visões tornarem-se realidade.
2- CREIA
Há que se
acreditar que já temos tudo o que precisamos para ser bem-sucedidos. Lembre-se:
Você não precisa de dinheiro para experimentar uma ideia. Há uma abundância de
formas livre e de baixo custo para começar com todos os tipos de projeto,
usando as mídias sociais e aplicativos de smartphones para fazer uso de sites
de angariação de fundos. E quando se trata de ter a coragem e o espirito de
“vamos em frente” para começar, bem, isso é algo que você já tem aos montes.
3- FALE
Fale sobre
o que você estiver fazendo onde quer que vá. Você não vai acreditar na
quantidade de gente disposta a ajudar. Seja qual for a dor que você está
curando ou o problema que está resolvendo ou o projeto que está lançando,
compartilhe seus conhecimentos e experiências com todos que possam deles se
beneficiar. Quando tiver ajudado tantas pessoas quanto possível, essas pessoas
vão se conectar a todos os tipos de recursos, tudo o que você precisa para
começar. Basta deixar acontecer, e sorrir tão frequentemente quanto possível.
Acho que
sei o que você está pensando. Deve ser na linha de como pensava há anos atrás:
que isso é fácil demais, que isso é coisa de americano, que a vida é muito mais
complicada, terrível e difícil do que isso, se fosse tão fácil todo mundo
fazia, que provavelmente a autora não passou por metade dos horrores pelos
quais você passou na vida e não tem ideia do que está dizendo, enfim, essas
coisas.
Entendo perfeitamente. Pensava igualzinho.
Aí, vim
fazer meu primeiro fellowship aqui nos USA e, curiosa que sou, acabei fazendo o
segundo, no Centro de Psiquiatria Biológica na Duke University. Eu, que achava
que psiquiatria era a coisa mais besta já inventada no campo médico. Eu,
neurologista de alma, apaixonada por um neurônio, vendo o mundo a partir da
rarefeita área do espaço entre as duas orelhas. E comecei a aprender o básico
das terapias cognitivas. E voltei ao Brasil. E comecei a dar aulas de
Neurofisiologia numa Faculdade de Psicologia em São Paulo. Pois num belo dia,
tomando meu lanchinho na sala dos professores, começou uma conversa sobre
terapias, e comecei a dar meus palpites a respeito da terapia cognitiva. Um dos
professores, que era terapeuta humanista, e na época eu sequer sabia o que era
isso, me perguntou porque gostava tanto das terapias cognitivas. Respondi:
porque funcionam. Pois o homem ficou muito bravo, dizendo que era isso que os
americanos estavam fazendo para estragar o processo do autoconhecimento, a
beleza da busca de sentido, e mais um monte de coisas que nem me lembro. Mas o
que lembro bem foi sua saída da sala, bufando e berrando: “Porque funciona!
Isso é lá coisa que se diga a respeito de terapia? ”
Pois
prezado senhor, é sim. E quanto mais velha fico, mais gosto de coisas que
“funcionam”, ou como dizia meu avô, “qualquer conhecimento que não tiver
aplicação na vida, é perfeitamente inútil. ”
Por isso
mesmo estou fazendo mais um Mestrado, desta vez em Psicologia Positiva. Quero
funcionar melhor. Ou o melhor possível, e se der para ajudar alguém mais no
processo, vamos em frente que atrás vem gente, ou como dizia Adhemar de Barros:
“Fé em Deus e pé na taboa. ”
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