UMA LIÇÃO DE CIVILIDADE

Num mundo cada vez mais polarizado por ideias político/religiosas, onde horrores nos assaltam 24h/dia,7 dias por semana, foi um sopro de esperança (e orgulho) de pertencer à mesma raça que esses canadenses incríveis. Vamos a um resumo do acontecido:

Em 22 de Outubro de 2014, em Ottawa, Canadá, Michael Zehaf-Bibeau decidiu que seria excelente ideia mandar uma saraivada de balas no Memorial da Guerra, matando o soldado reservista, Nathan Cirillo, que lá estava postando guarda, desarmado. Após heroico feito, foi ao Parlamento, onde foi morto pelo Sargento Kevin Wickers, chefe de segurança da casa, que também estava desarmado e teve que ir catar seu revólver na escrivaninha de seu escritório.
(Vejam vídeo abaixo)
http://www.youtube.com/watch?v=v4wfzWJ2Hwo


Não vou nem comentar a diferença estonteante entre as reportagens americanas e canadenses, na primeira, um surto histérico de pânico a respeito da invasão islâmica em solo norte americano, na segunda, uma tentativa de clarear os fatos, na medida em que apareciam. O que se sabe sobre o assassino (e me perdoem os puristas que diferenciam assassinatos em “políticos”,” religiosos”, ou de qualquer outra colocação, pois acho que matar, a não ser em legítima defesa, ou defesa de alguém mais, ou em guerra, simples assassinato), é o seguinte:

Cidadão canadense que, apesar de todas as oportunidades educacionais proporcionadas por sua família, não se formou em nada, teve trabalhos esporádicos em campos de petróleo, converteu-se ao islamismo, foi expulso da mesquita da qual fazia parte por comportamento briguento,e longa história criminal ligada a abuso de drogas e violência. História que define a futilidade do mal, como tão bem descreve Itzik Basman, em seu livro Futility As Tragedy: An Interpretation Of Hamlet (A Futilidade como tragédia: Uma interpretação de Hamlet).

Dia seguinte, quando o parlamento reabriu, foi emocionante a homenagem ao Sargento, mas mais emocionante foram as palavras do Primeiro Ministro canadense, Stephen Harper:

“Bem, membros desta casa, como disse ontem, os canadenses não serão intimidados. Vamos estar atentos, mas não vamos correr cheios de medo. Vamos ser prudentes, mas não vamos entrar em pânico e quanto aos negócios do governo, bem, aqui estamos nós, em nossos lugares, em nossa câmara no coração da nossa democracia e no nosso trabalho."
http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/northamerica/canada/11183022/Standing-ovation-for-man-who-shot-Ottawa-gunman-Michael-Zehaf-Bibeau.html

Uns dias depois, em Cold Lake, Alberta, uma mesquita foi vandalizada, ainda não se sabe por quem, mas obviamente por alguns que acham que a melhor forma de apagar um incêndio, é colocar mais lenha na fogueira. Quando os moradores descobriram que tinha sido feito, se reuniram e doaram seu tempo para restaurar o prédio. As mensagens de ódio, pintadas com spray vermelho, foram removidas, as janelas foram arrumadas e cartazes de "Você está em casa" e "amar o seu próximo" foram afixados.
http://www.addictinginfo.org/2014/10/25/canadian-mosque-gets-vandalized-this-communitys-response-will-make-your-day-image/

Então, parabéns canadenses. Num mundo onde se está cada vez mais tentado provar Freud correto, quando fala do mal estar da civilização, lá vem vocês e demonstram que é possível superar o conflito entre instintos e cultura, viver em paz e prosperar. Que possam ensinar ao mundo. Estamos por demais precisados.

O mal-estar na civilização é um texto do médico neurologista e fundador da psicanálise, o mal falado Sigmund Freud. É considerado seu mais importante trabalho no âmbito da sociologia e antropologia, escrito às vésperas do colapso da Bolsa de Valores, em 1929. É uma investigação sobre as raízes da infelicidade humana, sobre o conflito entre instintos e cultura, e a forma que esta assume na civilização moderna. Aconselho.
http://cei1011.files.wordpress.com/2010/04/freud_o_mal_estar_na_civilizacao.pdf

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