RESENHA 2013
É a época do ano na qual todo mundo faz, então lá vou eu fazer o mesmo, obviamente sob meu ponto de vista. Interessante que quanto mais envelheço, ou segundo os mais otimistas, mais experiência ganho, menos certezas tenho. Há momentos que bate uma certa nostalgia de minha adolescência, quando tinha todas as certezas, sabia de tudo, e o mundo é que não me entendia. Tenho saudade de meu dom quixotismo, que embora muito menos intenso, de todo não desapareceu, tendo ficado aquela base de tender a meter a lança nos maiores moinhos de vento, de forma a assegurar certa e segura contusão. Mas no geral, quando lembro toda a infelicidade que acompanha as certezas da adolescência, a saudade se vai rapidinho, e me lembro de minha avó, quando lhe perguntei qual era o segredo para tão longeva vida, me respondeu numa frase simples: “Sempre fiz o que quis”. Pois é. E nem o ter passado por duas guerras mundiais e ter sido uma das poucas sobreviventes da gripe espanhola, foram stress suficiente para deter sua imortalidade até os 104, sendo essa uma das razões pelas quais acredito que nossos problemas contemporâneos, não são causados pelo stress, de per si, mas pela maneira como o vivenciamos. E com isso declaro que, o ano de 2013 pode ser considerado um dos melhores anos na história da humanidade. Antes de me apedrejarem, considerem que, as forças mais importantes que determinam o que faz com que nossas vidas sejam boas, isto é, as coisas que determinam por quanto vivemos e se podemos viver livres e felizes, tendem numa direção ótima. Lógico que tudo isso pode ser revertido num segundinho por alguma desgraça natural em larga escala, mas que tivemos um extraordinário progresso, isso lá tivemos.
1-MENOS PESSOAS ESTÃO MORRENDO JOVENS E MAIS ESTÃO VIVENDO MELHOR E POR MAIS TEMPO
Segundo Angus Deaton, economista em Princeton, seu trabalho sendo em saúde global, informa: “Não há um único país no mundo no qual a mortalidade infantil não seja inferior ao que era em 1950”, e os dados da Organização Mundial de Saúde, confirmam: Mortes por sarampo caíram 71%(um salto de 50%) ,mortes maternas ao nascimento 50%, mortes por tuberculose 50%, e por problemas relacionados a HIV, 24% desde 2005. A expectativa de vida , em todos os lugares que a OMS cobre, aumentou bem entre 1990 e 2011. Em números: no início dos anos 50, em média e globalmente, era de 47 anos, agora é 70, ou seja, um salto de 50%. E o que causou tudo isso? Claro, inúmeros fatores, mas os mais importantes foram as inovações tecnológicas e políticas. Os avanços no método científico ajudaram a fazer pesquisas de alta qualidade, o que trouxe avanços incríveis na medicina e as tecnologias da informação permitem espalhar as descobertas pelo mundo em velocidades nunca dantes imaginadas. Tecnologia e democracia como bases do progresso humano, juntados à vontade de ajudar. Nações inteiras estão doando enormes quantidades de dinheiro a nações mais necessitadas para assistir na briga de doenças como HIV,AIDS e varíola. Só uma doação dos USA pagou pelo tratamento antirretroviral de mais de 5.1 milhões de pessoas na África, e quanto mais as pessoas conhecem e se tornam democratas, mais os governantes tem que prestar contas a seus cidadãos, os quais forçam já dito governo a atender suas necessidades ou pagar o preço eleitoral por isso.
Claro que estou falando em termos genéricos, pois bolsões de ignorância e retrocesso, sempre os há. Impossível esperar que, no primeiro dia do ano, os bilhões de habitantes da terra tenham acordado e, em uníssono, decidido praticar a gratidão e o senso comum de aceitar que as coisas nas quais acreditamos são nossa verdade, e mais nada, verdade essa que não deve ser impingida, sob nenhuma circunstância, ao resto do mundo. Por exemplo, aqui na terra de Tio Sam,temos o Movimento Anti-Vacina (United States Anti-Vaccination Movement- http://www.sciencebasedmedicine.org/antivaccine-use-the-law-when-science-fails-you/), composto por uma variedade de criaturas, de celebridades sem qualquer treinamento médico, a médicos que deveriam saber melhor sobre o que estão falando, mas o desejo da fama, cega,a amantes de teorias conspiratórias e maluquetos no geral. Todos eles creem piamente que o autismo é causado pelas vacinas. Dizem eles que o composto Timerosal nas vacinas triplices (sarampo/caxumba/rubéola), levou a um aumento do número de casos de autismo, sem levar em consideração que tal composto, que é um preservativo, nunca foi usado nas vacinas triplices, e, nenhuma vacina licenciada desde 1999 o contém, com exceção de algumas vacinas para Influenza e HIB. Sucede também que o número de casos de autismo, não diminuiu desde 1999, o que, por si só, desaprova toda a teoria, mas naturalmente lógica e racionalidade não são as pedras fundamentais sobre as quais fantasias são criadas, além de que, tais fantasias promovem muito mais venda de livros e aparências em shows de TV do que a crua realidade. E para o inferno se, doenças que deveriam estar erradicadas, estão fazendo retorno. Ainda bem que há mais gente bem intencionada, trabalhando a favor do bom senso.
2-HÁ MENOS PESSOAS SOFRENDO DE EXTREMA POBREZA E O MUNDO ESTÁ FICANDO MAIS FELIZ.
Há menos pessoas em abjeta penúria do que em qualquer outro momento histórico, e a classe média está vivendo o mais alto dos padrões de vida em toda a história da humanidade. Lógico que ainda estamos longe de resolver totalmente o problema da miséria, principalmente em certos países africanos e das américas, mas, como um todo, o mundo esta muito mais rico. Vamos aos números:
721 milhões de pessoas a menos vivem em pobreza extrema em 2010 do que em 1981 (é considerada pobreza extrema o ganhar 1 dólar e 25 centavos por dia, segundo o Banco Mundial), ou seja uma queda de 40% para 14% da população mundial de extrema penúria. A grande maioria do recente declínio vem da Índia e China, cerca de 80% da China. As reformas econômicas e sociais de lá, estimuladas pelo crescimento econômico global, foram incríveis, de 2,3% em 2012 para 2,9% em 2013. Claro que, como em tudo o mais, há os que vêem essa afluência da classe média como fenômeno terrível, que leva à cultura do consumismo e do narcisismo desatado, típico de sociedades capitalistas. Otimista que sou, acredito, como disse JFK, que o preço da paz é a eterna vigilância, isto é, educação para a vida, deveria ser matéria escolar, e faço notar que desde que a lista começou, ou seja dos povos mais felizes na face da Terra, países como Finlândia, Suécia e Dinamarca, estão nos primeiros lugares. E são francamente socialistas.
3. AS GUERRAS ESTÃO FICANDO MAIS RARAS E MENOS MORTAIS E A VIOLÊNCIA DO ESTADO CONTRA SEUS CIDADÃOS E DE UM CIDADÃO PARA OUTRO TAMBÉM ESTÃO EM FRANCO DECLÍNIO.
Steven Pinker em seu livro “The Better Angels Of Our Nature” (Os melhores anjos de nossa natureza – tradução minha, posto que não achei nenhuma tradução do livro para a última flor do Lácio, inculta e bela, como diria Camões), demonstra que, no longo arco da história humana, tanto guerras como outras formas de violência, como por exemplo a pena de morte, estão em franca decadência. Por exemplo: Nos últimos 50 anos, fomos de cerca 300 mortes por 100.000 habitantes durante a Segunda Guerra Mundial, para cerca de 30 durante a guerra da Coréia para menos de 20 na guerra do Vietnã. Claro que podemos pensar que isso se deu também pela melhora nos cuidados médicos, mas não dá para imaginar tão brutal declinio só por isso. Há também o fato que estamos tendo muito mais guerras civis do que guerras globalizadas entre nações. Pensemos no seguinte: a partir dos anos 50, a democracia espalhou-se pelo mundo feito fogo em subida,sendo que hoje, 60% do mundo vive em regime democrático, e as pessoas desenvolveram estratégias para melhor lidar com as causas das guerras e suas consequências. Isso quer dizer que um mundo democrático é também um mundo mais seguro. Um mundo onde, de forma um pouco lenta, mas certamente segura, estamos acabando com a fome e muitas doenças, e onde inventamos coisas como as Nações Unidas com todas suas operações de paz, como formas seguras de reduzir violência e diminuir os problemas causados por conflitos armados.
Quanto à violência de cidadãos contra seus semelhantes, vejamos o seguintes: escravidão, que já foi situação sancionada por governos, é ilegal em qualquer parte do planeta. A taxa de assassinatos na Europa diminuiu 35 vezes desde a Idade Média até o começo do século XXI, declínio este especialmente grande em anos recentes. Embora as taxas de homicídios tenham se elevado um pouco entre 1970 e 1990, em 2001 foram assassinadas, mundo afora, 557.000 pessoas, e o número baixou para 289.000 em 2008. Daí para a frente vem baixando constantemente em 75% das nações do mundo. Por que será? Alguns dizem que é pelo aumento das incarcerações, idéia que não bate absolutamente com a realidade pois, embora os USA e o Reino Unido tenham aumentado furiosamente o número de prisões e de encarcerados, outros lugares como Canadá, Holanda, Estônia, Suécia, reduziram dramaticamente as taxas de encarceramento e suas taxas de crimes violentos continuam despencando. A revista “The Economist”traz algumas boas explicações. Segundo eles, globalmente, a polícia tem trabalhado mais com as comunidades como forma de evitar o crime. Também tem mais recursos, tais como os testes de DNA, que facilitam a captura dos meliantes (ai Senhor que estou francamente atacada com português de antanhos). A epidemia do crack nos USA e da heroína na Europa caiu brutalmente. A rápida gentrificação, tornou os crimes nas cidades mais difícil, e o crescente barateamento dos bens de consumo tipo iPODs e DVDs, reduziu os incentivos para o crime, tanto do lado da oferta, quanto da procura, ou seja, roubar um DVD não traz nenhum proveito, sendo mais fácil comprar um do que passar pelo problema. Sei perfeitamente bem que isso não é verdadeiro no Brasil, mas olha só que ideia brilhante. Mas, há uma outra explicação, segundo Kevin Drum da Mother Jones, ou seja a ligação entre chumbo e crime. Sabe-se que a exposição a chumbo lesa o cérebro e pode ser fatal. Por causa disso, aconteceu uma campanha internacional que se iniciou em 1970, para que a gasolina não fosse laceada com chumbo, o que agora é uma realidade em 175 países do mundo, e aconteceu uma queda nos níveis corpóreos de chumbo de 90%, desde que essa prática foi se espalhando.
4-HÁ MENOS DISCRIMINAÇÃO NO MUNDO
Racismo, sexismo, anti semitismo, homofobia e outras formas de discriminação continuam a ser, sem sombra de dúvida, forças extraordinariamente poderosas, e as estatísticas, aqui nos USA, do aumento dos grupelhos de supremacistas brancos e genialidades associadas, depois que o Obama se tornou presidente, é prova cabal e suficiente, além de fazer arrepiar os cabelos. Mas, ninguém nunca disse que a imbecilidade foi erradicada da face da terra, e isso também não é razão para não considerar que, de forma globalizada, estamos vivendo a era menos discriminatória na história da humanidade. Naturalmente, não é lá enorme coisa, se compararmos com os horrores de eras prévias, mas mesmo assim, demos grandes passos. Vamos dar um salto de 150 anos no passado: os negros estavam em grilhões, judeus europeus eram rotineiramente massacrados em guetos, mulheres, mundo afora, não só não podiam trabalhar fora de casa como também eram totalmente subordinadas ao pai ou ao marido, os LGTB totalmente invisíveis, a não ser que fossem um Oscar Wilde, que enquanto esteve casado, levou na flauta, mas tão logo se apaixonou pelo rapaz, foi encarcerado e acabou morrendo pobre e esquecido. E mesmo no Brasil, ninguém mais repete, pelo menos não socialmente, a famosa frase de Dona Quitéria, no livro do Érico Verissimo “Incidente em Antares”: "No Brasil não há racismo porque preto conhece seu lugar."
Então sim, sem dúvida, estamos melhorando. O Índice de Desigualdade da ONU (estudo abrangente sobre saúde reprodutiva, inclusão social e patrimônio líquido de mercado de trabalho), demonstrou um decréscimo de 20% nas desigualdades por sexo, de 1995 a 2011, com consistente declínio, em escala global, em disparidades de salários, participação no mercado de trabalho e educação. E embora continue havendo enorme desigualdade, pelo visto 2013 foi o pior ano da história da humanidade para os sexistas. E quanto a discriminação da comunidade LGTB? No início de 2003, não havia casamento para eles, em nenhum estado americano. No final deste ano, 38% dos estados americanos aceitaram, ou melhor, votaram para que existisse.
OK, deixa tirar um pouquinhos meus óculos cor de rosa. Guerras, violência no geral, racismo, sexismo, homofobia ou qualquer forma de discriminação não vão sumir, de per si, num ato de auto imolação. Pufffffffffff virou fumacinha. Não vai não. É dever de cada um de nós nos melhorarmos e assim, melhorar o mundo onde vivemos. Não me lembro mais de quem é a frase “Ao invés de pensarmos o tempo todo em deixar um mundo melhor para nossos filhos, que tal pensarmos em deixar filhos melhores para este mundo?”, mas concordo com ela. Se cada um de nós sair um pouquinho fora de nossa zona de conforto, dentro do que acreditamos serem verdades absolutas, e começarmos a explorar um pouco mais esse mundão vasto e sem porteira, vamos descobrir maravilhas em nossos colegas humanos. Este ano, ao mesmo tempo que morreu um dos maiores exemplos de mudança pela aceitação das diferenças, o Mandela, também surgiu Papa Chico, arrebentando a boca do balão.
E como presentinho para ajudar nas famosas resoluções de ano novo, mando o link para as inspiradíssimas resoluções do TED CLIQUE AQUI, esperando que todos nós possamos ser melhores no próximo ano. SALUTE!
1-MENOS PESSOAS ESTÃO MORRENDO JOVENS E MAIS ESTÃO VIVENDO MELHOR E POR MAIS TEMPO
Segundo Angus Deaton, economista em Princeton, seu trabalho sendo em saúde global, informa: “Não há um único país no mundo no qual a mortalidade infantil não seja inferior ao que era em 1950”, e os dados da Organização Mundial de Saúde, confirmam: Mortes por sarampo caíram 71%(um salto de 50%) ,mortes maternas ao nascimento 50%, mortes por tuberculose 50%, e por problemas relacionados a HIV, 24% desde 2005. A expectativa de vida , em todos os lugares que a OMS cobre, aumentou bem entre 1990 e 2011. Em números: no início dos anos 50, em média e globalmente, era de 47 anos, agora é 70, ou seja, um salto de 50%. E o que causou tudo isso? Claro, inúmeros fatores, mas os mais importantes foram as inovações tecnológicas e políticas. Os avanços no método científico ajudaram a fazer pesquisas de alta qualidade, o que trouxe avanços incríveis na medicina e as tecnologias da informação permitem espalhar as descobertas pelo mundo em velocidades nunca dantes imaginadas. Tecnologia e democracia como bases do progresso humano, juntados à vontade de ajudar. Nações inteiras estão doando enormes quantidades de dinheiro a nações mais necessitadas para assistir na briga de doenças como HIV,AIDS e varíola. Só uma doação dos USA pagou pelo tratamento antirretroviral de mais de 5.1 milhões de pessoas na África, e quanto mais as pessoas conhecem e se tornam democratas, mais os governantes tem que prestar contas a seus cidadãos, os quais forçam já dito governo a atender suas necessidades ou pagar o preço eleitoral por isso.
Claro que estou falando em termos genéricos, pois bolsões de ignorância e retrocesso, sempre os há. Impossível esperar que, no primeiro dia do ano, os bilhões de habitantes da terra tenham acordado e, em uníssono, decidido praticar a gratidão e o senso comum de aceitar que as coisas nas quais acreditamos são nossa verdade, e mais nada, verdade essa que não deve ser impingida, sob nenhuma circunstância, ao resto do mundo. Por exemplo, aqui na terra de Tio Sam,temos o Movimento Anti-Vacina (United States Anti-Vaccination Movement- http://www.sciencebasedmedicine.org/antivaccine-use-the-law-when-science-fails-you/), composto por uma variedade de criaturas, de celebridades sem qualquer treinamento médico, a médicos que deveriam saber melhor sobre o que estão falando, mas o desejo da fama, cega,a amantes de teorias conspiratórias e maluquetos no geral. Todos eles creem piamente que o autismo é causado pelas vacinas. Dizem eles que o composto Timerosal nas vacinas triplices (sarampo/caxumba/rubéola), levou a um aumento do número de casos de autismo, sem levar em consideração que tal composto, que é um preservativo, nunca foi usado nas vacinas triplices, e, nenhuma vacina licenciada desde 1999 o contém, com exceção de algumas vacinas para Influenza e HIB. Sucede também que o número de casos de autismo, não diminuiu desde 1999, o que, por si só, desaprova toda a teoria, mas naturalmente lógica e racionalidade não são as pedras fundamentais sobre as quais fantasias são criadas, além de que, tais fantasias promovem muito mais venda de livros e aparências em shows de TV do que a crua realidade. E para o inferno se, doenças que deveriam estar erradicadas, estão fazendo retorno. Ainda bem que há mais gente bem intencionada, trabalhando a favor do bom senso.
2-HÁ MENOS PESSOAS SOFRENDO DE EXTREMA POBREZA E O MUNDO ESTÁ FICANDO MAIS FELIZ.
Há menos pessoas em abjeta penúria do que em qualquer outro momento histórico, e a classe média está vivendo o mais alto dos padrões de vida em toda a história da humanidade. Lógico que ainda estamos longe de resolver totalmente o problema da miséria, principalmente em certos países africanos e das américas, mas, como um todo, o mundo esta muito mais rico. Vamos aos números:
721 milhões de pessoas a menos vivem em pobreza extrema em 2010 do que em 1981 (é considerada pobreza extrema o ganhar 1 dólar e 25 centavos por dia, segundo o Banco Mundial), ou seja uma queda de 40% para 14% da população mundial de extrema penúria. A grande maioria do recente declínio vem da Índia e China, cerca de 80% da China. As reformas econômicas e sociais de lá, estimuladas pelo crescimento econômico global, foram incríveis, de 2,3% em 2012 para 2,9% em 2013. Claro que, como em tudo o mais, há os que vêem essa afluência da classe média como fenômeno terrível, que leva à cultura do consumismo e do narcisismo desatado, típico de sociedades capitalistas. Otimista que sou, acredito, como disse JFK, que o preço da paz é a eterna vigilância, isto é, educação para a vida, deveria ser matéria escolar, e faço notar que desde que a lista começou, ou seja dos povos mais felizes na face da Terra, países como Finlândia, Suécia e Dinamarca, estão nos primeiros lugares. E são francamente socialistas.
3. AS GUERRAS ESTÃO FICANDO MAIS RARAS E MENOS MORTAIS E A VIOLÊNCIA DO ESTADO CONTRA SEUS CIDADÃOS E DE UM CIDADÃO PARA OUTRO TAMBÉM ESTÃO EM FRANCO DECLÍNIO.
Steven Pinker em seu livro “The Better Angels Of Our Nature” (Os melhores anjos de nossa natureza – tradução minha, posto que não achei nenhuma tradução do livro para a última flor do Lácio, inculta e bela, como diria Camões), demonstra que, no longo arco da história humana, tanto guerras como outras formas de violência, como por exemplo a pena de morte, estão em franca decadência. Por exemplo: Nos últimos 50 anos, fomos de cerca 300 mortes por 100.000 habitantes durante a Segunda Guerra Mundial, para cerca de 30 durante a guerra da Coréia para menos de 20 na guerra do Vietnã. Claro que podemos pensar que isso se deu também pela melhora nos cuidados médicos, mas não dá para imaginar tão brutal declinio só por isso. Há também o fato que estamos tendo muito mais guerras civis do que guerras globalizadas entre nações. Pensemos no seguinte: a partir dos anos 50, a democracia espalhou-se pelo mundo feito fogo em subida,sendo que hoje, 60% do mundo vive em regime democrático, e as pessoas desenvolveram estratégias para melhor lidar com as causas das guerras e suas consequências. Isso quer dizer que um mundo democrático é também um mundo mais seguro. Um mundo onde, de forma um pouco lenta, mas certamente segura, estamos acabando com a fome e muitas doenças, e onde inventamos coisas como as Nações Unidas com todas suas operações de paz, como formas seguras de reduzir violência e diminuir os problemas causados por conflitos armados.
Quanto à violência de cidadãos contra seus semelhantes, vejamos o seguintes: escravidão, que já foi situação sancionada por governos, é ilegal em qualquer parte do planeta. A taxa de assassinatos na Europa diminuiu 35 vezes desde a Idade Média até o começo do século XXI, declínio este especialmente grande em anos recentes. Embora as taxas de homicídios tenham se elevado um pouco entre 1970 e 1990, em 2001 foram assassinadas, mundo afora, 557.000 pessoas, e o número baixou para 289.000 em 2008. Daí para a frente vem baixando constantemente em 75% das nações do mundo. Por que será? Alguns dizem que é pelo aumento das incarcerações, idéia que não bate absolutamente com a realidade pois, embora os USA e o Reino Unido tenham aumentado furiosamente o número de prisões e de encarcerados, outros lugares como Canadá, Holanda, Estônia, Suécia, reduziram dramaticamente as taxas de encarceramento e suas taxas de crimes violentos continuam despencando. A revista “The Economist”traz algumas boas explicações. Segundo eles, globalmente, a polícia tem trabalhado mais com as comunidades como forma de evitar o crime. Também tem mais recursos, tais como os testes de DNA, que facilitam a captura dos meliantes (ai Senhor que estou francamente atacada com português de antanhos). A epidemia do crack nos USA e da heroína na Europa caiu brutalmente. A rápida gentrificação, tornou os crimes nas cidades mais difícil, e o crescente barateamento dos bens de consumo tipo iPODs e DVDs, reduziu os incentivos para o crime, tanto do lado da oferta, quanto da procura, ou seja, roubar um DVD não traz nenhum proveito, sendo mais fácil comprar um do que passar pelo problema. Sei perfeitamente bem que isso não é verdadeiro no Brasil, mas olha só que ideia brilhante. Mas, há uma outra explicação, segundo Kevin Drum da Mother Jones, ou seja a ligação entre chumbo e crime. Sabe-se que a exposição a chumbo lesa o cérebro e pode ser fatal. Por causa disso, aconteceu uma campanha internacional que se iniciou em 1970, para que a gasolina não fosse laceada com chumbo, o que agora é uma realidade em 175 países do mundo, e aconteceu uma queda nos níveis corpóreos de chumbo de 90%, desde que essa prática foi se espalhando.
4-HÁ MENOS DISCRIMINAÇÃO NO MUNDO
Racismo, sexismo, anti semitismo, homofobia e outras formas de discriminação continuam a ser, sem sombra de dúvida, forças extraordinariamente poderosas, e as estatísticas, aqui nos USA, do aumento dos grupelhos de supremacistas brancos e genialidades associadas, depois que o Obama se tornou presidente, é prova cabal e suficiente, além de fazer arrepiar os cabelos. Mas, ninguém nunca disse que a imbecilidade foi erradicada da face da terra, e isso também não é razão para não considerar que, de forma globalizada, estamos vivendo a era menos discriminatória na história da humanidade. Naturalmente, não é lá enorme coisa, se compararmos com os horrores de eras prévias, mas mesmo assim, demos grandes passos. Vamos dar um salto de 150 anos no passado: os negros estavam em grilhões, judeus europeus eram rotineiramente massacrados em guetos, mulheres, mundo afora, não só não podiam trabalhar fora de casa como também eram totalmente subordinadas ao pai ou ao marido, os LGTB totalmente invisíveis, a não ser que fossem um Oscar Wilde, que enquanto esteve casado, levou na flauta, mas tão logo se apaixonou pelo rapaz, foi encarcerado e acabou morrendo pobre e esquecido. E mesmo no Brasil, ninguém mais repete, pelo menos não socialmente, a famosa frase de Dona Quitéria, no livro do Érico Verissimo “Incidente em Antares”: "No Brasil não há racismo porque preto conhece seu lugar."
Então sim, sem dúvida, estamos melhorando. O Índice de Desigualdade da ONU (estudo abrangente sobre saúde reprodutiva, inclusão social e patrimônio líquido de mercado de trabalho), demonstrou um decréscimo de 20% nas desigualdades por sexo, de 1995 a 2011, com consistente declínio, em escala global, em disparidades de salários, participação no mercado de trabalho e educação. E embora continue havendo enorme desigualdade, pelo visto 2013 foi o pior ano da história da humanidade para os sexistas. E quanto a discriminação da comunidade LGTB? No início de 2003, não havia casamento para eles, em nenhum estado americano. No final deste ano, 38% dos estados americanos aceitaram, ou melhor, votaram para que existisse.
OK, deixa tirar um pouquinhos meus óculos cor de rosa. Guerras, violência no geral, racismo, sexismo, homofobia ou qualquer forma de discriminação não vão sumir, de per si, num ato de auto imolação. Pufffffffffff virou fumacinha. Não vai não. É dever de cada um de nós nos melhorarmos e assim, melhorar o mundo onde vivemos. Não me lembro mais de quem é a frase “Ao invés de pensarmos o tempo todo em deixar um mundo melhor para nossos filhos, que tal pensarmos em deixar filhos melhores para este mundo?”, mas concordo com ela. Se cada um de nós sair um pouquinho fora de nossa zona de conforto, dentro do que acreditamos serem verdades absolutas, e começarmos a explorar um pouco mais esse mundão vasto e sem porteira, vamos descobrir maravilhas em nossos colegas humanos. Este ano, ao mesmo tempo que morreu um dos maiores exemplos de mudança pela aceitação das diferenças, o Mandela, também surgiu Papa Chico, arrebentando a boca do balão.
E como presentinho para ajudar nas famosas resoluções de ano novo, mando o link para as inspiradíssimas resoluções do TED CLIQUE AQUI, esperando que todos nós possamos ser melhores no próximo ano. SALUTE!
muito bom!
ResponderExcluir