AGARRA O BODE
Porque é Natal, tempo de lembrar as coisas boas da vida, sentir saudades dos que foram e nos deixaram tanta coisa, reproduzo uma de minhas primeiras tentativas como blogueira, que é uma homenagem às minhas antepassadas, duas suiças e uma toscana. Inesquecíveis.
"Você não corre porque tem medo, mas tem medo porque corre" Burrhus Frederic "B. F." Skinner
Tarde modorrenta no sítio. Estou sentada na varanda meio que supervisionando o passeio de minhas duas avós e minha tia avó.
Digo supervisionando, porque vó paterna é meio cega, vó materna é meio surda, e apesar de ter diminuido bastante o tamanho de seus saltos, continua andando de salto alto, o que não é extremamente saudável, principalmente num gramado, e em descida.
Um pouco atrás, vem minha tia avó que, apesar de ser pouquissimos anos mais nova, continua achando que jamais passou dos 30, fato comprovado há alguns meses atrás, quando, irritada pela péssima atitude da TV, subiu ao telhado pra consertar a antena e de lá veio abaixo de ponta cabeça, tomando uma enormidade de pontos na sutura do rasgo que abriu no cocoruto. Nunca perdeu a consciencia, fato que, segundo ela, prova as excelentes condiçoes de seus ossos.
E la estão as três, quando, de repente, saindo do nada, lá vem um bode que meu irmão tinha adotado.
Embora tivesse visto a cena em câmara lenta, a coisa foi de rapidez fulminante, com o já citado metendo a cabeça no traseiro de vó materna, que saiu a voar pelos céus taubateanos, de salto e tudo.
Nestas alturas, já estava correndo a toda velocidade em socorro da vítima quando, minha tia avó se agarra de frente com o, neste momento, espantadíssimo bode, e lá vão êles num minueto ensandecido.
“Larga, larga”, grito eu.
“Largo não que se largar o cretino me chifra”, berra ela de volta.
Foram necessárias as forças combinadas do caseiro a agarrar o bode, e a minha a agarrar a tia, pra desatarrachar o insano duo, tudo regado a gargalhadas histéricas das duas avós que, nessa altura encontravam-se esparramadas pelo gramado, posto que a cega foi ajudar a surda , mas devido ao riso, e a certa falta de equilibrio, acabou caindo por cima.
O bode saiu correndo, certamente traumatizado, e o caseiro também se foi murmurando entre dentes qualquer coisa a respeito de italianos esquisitos.
Anos depois, estava lendo “O Mito da Liberdade”do Skinner, quando uma frase saltou do livro e me bateu na testa feito cacetada:
“VOCÊ NÃO CORRE PORQUE TEM MEDO. VOCÊ TEM MEDO PORQUE CORRE”
E ali estava. O pai da terapia comportamental tinha levado uma vida para definir o que minha tia havia me mostrado na prática, há tantos anos atrás:
PEGA DE FRENTE!
Grazzie zietta Un bel giorno, ci rivedremo...
E como é Natal, aqui vai um presentinho: O MITO DA LIBERDADE
"Você não corre porque tem medo, mas tem medo porque corre" Burrhus Frederic "B. F." Skinner
Tarde modorrenta no sítio. Estou sentada na varanda meio que supervisionando o passeio de minhas duas avós e minha tia avó.
Digo supervisionando, porque vó paterna é meio cega, vó materna é meio surda, e apesar de ter diminuido bastante o tamanho de seus saltos, continua andando de salto alto, o que não é extremamente saudável, principalmente num gramado, e em descida.
Um pouco atrás, vem minha tia avó que, apesar de ser pouquissimos anos mais nova, continua achando que jamais passou dos 30, fato comprovado há alguns meses atrás, quando, irritada pela péssima atitude da TV, subiu ao telhado pra consertar a antena e de lá veio abaixo de ponta cabeça, tomando uma enormidade de pontos na sutura do rasgo que abriu no cocoruto. Nunca perdeu a consciencia, fato que, segundo ela, prova as excelentes condiçoes de seus ossos.
E la estão as três, quando, de repente, saindo do nada, lá vem um bode que meu irmão tinha adotado.
Embora tivesse visto a cena em câmara lenta, a coisa foi de rapidez fulminante, com o já citado metendo a cabeça no traseiro de vó materna, que saiu a voar pelos céus taubateanos, de salto e tudo.
Nestas alturas, já estava correndo a toda velocidade em socorro da vítima quando, minha tia avó se agarra de frente com o, neste momento, espantadíssimo bode, e lá vão êles num minueto ensandecido.
“Larga, larga”, grito eu.
“Largo não que se largar o cretino me chifra”, berra ela de volta.
Foram necessárias as forças combinadas do caseiro a agarrar o bode, e a minha a agarrar a tia, pra desatarrachar o insano duo, tudo regado a gargalhadas histéricas das duas avós que, nessa altura encontravam-se esparramadas pelo gramado, posto que a cega foi ajudar a surda , mas devido ao riso, e a certa falta de equilibrio, acabou caindo por cima.
O bode saiu correndo, certamente traumatizado, e o caseiro também se foi murmurando entre dentes qualquer coisa a respeito de italianos esquisitos.
Anos depois, estava lendo “O Mito da Liberdade”do Skinner, quando uma frase saltou do livro e me bateu na testa feito cacetada:
“VOCÊ NÃO CORRE PORQUE TEM MEDO. VOCÊ TEM MEDO PORQUE CORRE”
E ali estava. O pai da terapia comportamental tinha levado uma vida para definir o que minha tia havia me mostrado na prática, há tantos anos atrás:
PEGA DE FRENTE!
Grazzie zietta Un bel giorno, ci rivedremo...
E como é Natal, aqui vai um presentinho: O MITO DA LIBERDADE
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