A ESSÊNCIA DA TERAPIA COMPORTAMENTAL RACIONAL E EMOTIVA: UMA ABORDAGEM COMPREENSIVA A ESTE TIPO DE TRATAMENTO- Albert Ellis, PhD
Este
é o primeiro artigo da série sobre TCRE (REBT em inglês), escrito pelo próprio
inventor da mesma.
A
REBT é uma abordagem abrangente
para tratamento psicológico, que
lida não só com os aspectos
emocionais e comportamentais das
perturbação humanas, mas coloca uma grande importância no ato de pensar.
Os
seres humanos são extraordinariamente complexos, e não parece haver nenhuma maneira
simples pela qual eles se tornam "perturbados emocionalmente", nem há uma única e simples maneira pela qual
eles possam ser ajudados a se tornar "menos auto- derrotados" ( o termo em inglês é self-defeating - que
pode ter várias traduções, como a de
auto derrotado, no sentido de incapaz de levar uma vida plena e produtiva).
Nossos
problemas psicológicos provém de nossas concepções errôneas e cognições equivocadas a respeito do que percebemos, de nossas reações emocionas exageradas ou falta delas, a estímulos usuais ou inusuais, e
pelos nossos padrões comportamentais disfuncionais, o que nos permite continuar
a repetir respostas desajustadas mesmo quando "sabemos" que estamos nos comportando
mal ou de maneira errada para a situação que se apresenta.
CONDICIONAMENTO FILOSÓFICO
A
REBT baseia-se na premissa que nós
rotulamos nossas "reações emocionais", as quais são, em sua maioria,
causadas por nossas avaliações, interpretações e filosofias, quer de forma consciente ou inconsciente.
Assim,
nos sentimos ansiosos ou deprimidos porque nos convencemos que é terrível
quando falhamos em algo ou que não conseguimos aguentar a dor de sermos
rejeitados.
Nos sentimos hostis porque acreditamos vigorosamente que, pessoas que nos trataram injustamente, absolutamente não deveriam ter nos tratado da forma que elas obviamente nos trataram, e que é totalmente insuportável quando alguém nos frustra.
Nos sentimos hostis porque acreditamos vigorosamente que, pessoas que nos trataram injustamente, absolutamente não deveriam ter nos tratado da forma que elas obviamente nos trataram, e que é totalmente insuportável quando alguém nos frustra.
Como
no Estoicismo, uma escola filosófica grega de cerca 2000 anos atrás, a REBT afirma que, praticamente, não há
razões para que os seres humanos se tornem neuróticos, não importando que tipo de estímulos negativos incidam sobre eles.
Dá-lhes plena liberdade para sentir fortes emoções negativas, como tristeza, desgosto, desprazer, aborrecimento, rebelião e determinação para mudar condições sociais.
Dá-lhes plena liberdade para sentir fortes emoções negativas, como tristeza, desgosto, desprazer, aborrecimento, rebelião e determinação para mudar condições sociais.
No
entanto, a REBT acredita que, quando sentimos certas emoções autodestrutivas e
nada saudáveis
- como pânico, depressão,sensação de inutilidade, ou raiva), elas geralmente são a adição de
uma hipótese irreal e ilógica à nossa visão empiricamente
baseada, de que nossos atos ou os de outrem, são condenáveis ou ineficientes e que algo deveria ser feito para mudá-los.
Terapeutas
que praticam REBT- usualmente na primeira ou segunda sessão com um cliente-
sempre podem ver ou entender algumas
das principais filosofias de vida
irracionais, nas quais este cliente
acredita veementemente. (São também
chamadas crenças)
Podem
mostrar aos clientes como essas idéias inevitavelmente levam a problemas
emocionais e consequentemente aos sintomas clínicos; podem também demonstrar exatamente
como questionar e desafiar tais idéias,
e usualmente, induzi-los a trabalhar para erradicar e
substituir tais idéias por hipóteses
cientificamente testáveis, sobre
si mesmos e a
respeito do mundo ao redor, hipóteses essas que, provavelmente, não os colocarão em futuras
dificuldades neuróticas.
12 IDEIAS IRRACIONAIS QUE CAUSAM E MANTÉM AS
NEUROSES
A Terapia Racional sustenta que, certas ideias fundamentais e irracionais, que tenham sido clinicamente
observadas, estão na raiz da maioria dos distúrbios neuróticos. São elas:
1- A ideia de que é uma necessidade premente dos adultos, de serem amados pelas pessoas significantes em suas vidas, por quase tudo o que fazem - ao invés de se concentrarem em seu próprio autorrespeito, em ganhar a aprovação para fins práticos, e em amar ao invés de ser amado.
2- A ideia de que certos atos são terríveis ou maus, e que as pessoas que os praticam devem ser severamente condenadas - em vez da ideia de que certos atos são autodestrutivos ou antissociais, e que as pessoas que os praticam estão se comportando estupidamente, por ignorância, ou por doença, e seria melhor se pudéssemos ajudá-los a mudar ao invés de condenar. Comportamentos podres não tornam os indivíduos podres em sua totalidade.
3- A ideia de que é horrível quando as coisas não são da maneira que nós gostaríamos que elas fossem - em vez da ideia de que sim, é muito ruim, é melhor tentar mudar ou controlar as más condições para que se tornem mais satisfatória, e, se isso não for possível, melhor aceitar temporária e graciosamente, uma pedra no caminho de nossa vida. ( O velho e bom Fernando Pessoa disse a respeito de pedras no caminho, que as recolhia todas, pois um dia com elas construiria um castelo)
4- A ideia de que a miséria humana é invariavelmente causada por eventos externos ou outras pessoas - em vez da ideia de que nossas neuroses são, em sua maior parte, causadas pela nossa própia visão das circunstâncias infelizes. (E se alguém não acredita nisso, aconselho a assistir de novo alguns dos filmes do Woody Allen e do Fellini. Do Woody, tem uma cena no "Everyone says I love you- 1996, no qual o Alan Alda, ao descobrir que seu filho tem um raro problema neurológico, dá graças aos céus por estar certo a respeito do fato do filho ser republicano é causado por uma doença mental - impagável- e no "Lá nave vá", o cidadão se encontra num barquinho, no meio do oceano, com um enorme hipopótamo dentro do barco, e, conversando com o já citado animal e remando, lá vai ele a caminho de terra firme).
5- A ideia de que, se algo é ou pode ser perigoso ou temível, devemos imediatamente ficar terrivelmente aborrecidos e obcecados a respeito - em vez da ideia de que seria melhor enfrentar o problema, torná-lo não-perigoso e, quando isso não for possível, aceitar o inevitável.
6- A ideia de que é mais fácil evitar do que enfrentar as dificuldades e responsabilidades da vida - em vez da ideia de que o jeito fácil é geralmente muito mais difícil a longo prazo.
7- A ideia de que é absolutamente necessário
depender de algo diferente, mais forte ou maior do que nós - em vez da ideia de que é melhor assumir os riscos de pensar e de agir menos dependentemente.
8- A ideia de que devemos ser totalmente competentes, inteligentes, e atingir todas nossas metas sempre - em vez da ideia de que seria melhor fazer ao invés de ter sempre a necessidade de fazer bem e aceitar a nós mesmos como criaturas um tanto imperfeitas, com limitações humanas gerais e algumas falhas totalmente específicas.
9- A ideia de que, só porque algo, uma vez, afetou fortemente nossa vida, deve afetá-la indefinidamente - em vez da ideia de que podemos aprender com nossas experiências passadas, mas não ficar muito preso a elas ou desenvolver uma série de preconceitos por causa delas.
10- A ideia que temos que ter perfeito controle sobre todas as coisas - ao invés da ideia de que o mundo está cheio de probabilidades e chances e que ainda podemos desfrutar a vida, apesar disso, seja lá o que isso for.
11- A ideia de que a felicidade pode ser alcançada por inércia e inação - em vez da ideia de que tendemos a ser mais felizes quando estamos vitalmente absorvidos em atividades criativas, ou quando estamos nos dedicando a pessoas ou projetos além de nós mesmos.
12- A ideia que não temos praticamente nenhum controle sobre nossas emoções e que não podemos deixar de nos incomodarmos com as coisas - ao invés da ideia de que temos controle real sobre nossas emoções destrutivas, se optarmos por trabalhar no processo de mudar as hipóteses errôneas ( ele usa a palavra must, que significa preciso, devo e junta com masturbação, formando palavra impossível de traduzir literalmente) que muitas vezes empregamos para criar -las.
(No próximo, teremos o restante do artigo, onde são explicadas as maiores diferenças com outras escolas de pensamento)
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