FIQUE PERTO DAS PESSOAS QUE IRRADIAM A LUZ DO SOL OU PORQUE RELACIONAMENTOS DE ALTA QUALIDADE SÃO TÃO IMPORTANTES QUANTO COMIDA E ÁGUA.
Hoje, ao acordar, a primeira tarefa foi sair checando a casa e a vizinhança próxima. Imenso alívio, Laura passou longe, tudo certo aqui. Segurei o impulso de ligar a TV para checar o que tinha acontecido em outros lugares, já que queria manter essa sensação boa demais, de “ufa, escapei”.
Segunda coisa, meter-me em todas as redes para avisar amigos e
parentes que estava tudo bem, tudo certo, hora de guardar kit Deus me Acuda. E,
finalmente, checar os emails, quando recebo esse presente. Ao ler, me dei conta
que sou tão sortuda que tenho gente assim na minha vida, de uma sobrinha que
tem sandálias terroristas a um sobrinho que me pega no areoporto munido de com
pão com mortadela, a amigos que mandam de mensagem queridas, piadas, músicas,
bobagens várias, assuntos sérios, fúrias compartilhadas, fotos, lembranças,
artigos científicos, longas conversas sem nenhum sentido particular, só para se saber que estamos juntos, enfim, tudo o que faz parte da vida, e que, principalmente
nesses tempos loucos, nos ajudam a navegar o mar de desgraças que assola o
mundo, nos mantendo à tona. Juro que não sei o que fiz para merecê-los, só sei
que sou gratíssima por tê-los.
E vamos aos finalmente, ou seja, ao
artigo de Sheila Ohlsson Walker, Ph.D, cientista sênior do Instituto de
Pesquisa Aplicada ao Desenvolvimento Juvenil da Tufts University; professora assistente visitante da Johns Hopkins School
of Education; Professora Adjunta de Pediatria na George Washington University /
Children’s National Medical Center e membro do corpo docente da Universidade da
Califórnia, Irvine.
Link para artigo original CLIQUE AQUI
Em 1938, no meio da Grande
Depressão, foi iniciado (agora chamado o mais antigo dos estudos na área), em
Harvad, uma série de estudos que examinaram o que vem a ser a vida adulta.
Cerca de 80 anos depois, os dados são claros: QI, genes, sucesso econômico e
fama não promovem saúde mental e física, mas relacionamentos de felicidade e
bem-estar, especificamente relacionamentos de alta qualidade o fazem. O Estudo
de Harvard sobre o desenvolvimento de adultos fornece evidências convincentes
do poder do contágio das emoções, a "espiral ascendente"
neurobiológica que surge em nossos cérebros e corpos quando estamos envolvidos
em relacionamentos autênticos com pessoas cuja presença parece trazer consigo a
luz do sol.
A qualquer momento, temos a
capacidade emocional e física para relacionamentos íntimos de alta qualidade
com cerca de 5 a 15 pessoas, conceito
estabelecido no "Número de Dunbar". Os indivíduos que compõem nosso
círculo íntimo nos amam exatamente pelo que somos e dedicamos cerca de 60% de
nossos recursos relacionais a eles. Quando temos motivo para comemorar, esses
amigos de valor inestimável sentem nossa alegria como se fosse deles e, quando precisamos de uma carona para o
pronto-socorro às 3 da manhã, eles são os amigos que chamamos primeiro. Esses
relacionamentos de almas gêmeas são a própria definição de intimidade, seja com
um membro da família, um amigo platônico ou um parceiro romântico.
Depois vem a camada seguinte. Os
outros 40% de nossos recursos relacionais são dedicados aos círculos
intermediários e externos de amizade. Esses amigos e conhecidos são mais distantes,
mas nos fornecem uma importante noção de nós mesmos como um fio entrelaçado em
uma bela tapeçaria humana.
Coletivamente, essa comunidade
personalizada de indivíduos serve como um comboio de apoio social, tocando
nossas vidas de uma forma que desafia geografia e tempo. Isso inclui momentos passados (memórias
que alegremente aquecem nossos corações e almas) e presentes (a sensação de se
sentir visto, valorizado e compreendido, uma gargalhada compartilhada ou o bom,
velho abraço).
Cada amigo, independentemente de onde
estejam em nossos círculos concêntricos de relacionamento, tem a capacidade de
recarregar nossas baterias emocionais. À medida que incorporamos aspectos
únicos de nossos eus multidimensionais dentro do contexto de relacionamentos
distintos, cada um com sua própria química especial e fluxo de conversação,
estamos nos infundindo em seus epigenomas e eles nos nossos. Estamos nos
curando e crescendo, compartilhando nossas vidas: do sério ao triste e ao bobinho,
uns com os outros.
É aí que reside o princípio central
dos seres humanos como animais sociais: mais fortes juntos do que separados.
Resumindo, precisamos de relacionamentos de alta qualidade para nossa saúde e
bem-estar, assim como precisamos de comida e água.
A maneira precisa pela qual a
interação humana de alta qualidade se desdobra a nível biológico é tão complexa
que foi chamada de “matéria escura” da neurociência social (o equivalente
cerebral do estudo dos buracos negros). Mas aqui está o que sabemos sobre a
neurobiologia da conexão humana, seus ingredientes e, como dizem na área
médica, a relação "dose-efeito" entre eles:
Uma Dose de conexão humana de alta qualidade
= uma resposta neurobiológica de….
Oxitocina: o neuropeptídeo de “amor” é
um ingrediente-chave na receita para sentimentos positivos decorrentes da
ligação e do amor humanos.
Neuropeptídeos opioides: analgésicos integrados
da Mãe Natureza e fonte biológica de euforia, catalisados pela conexão social e
toque físico.
Serotonina: neurotransmissores de
bem-estar que estimulam a felicidade natural e estabilizam o sistema
gastrointestinal.
Dopamina: neurotransmissores que
melhoram o humor associados a novidades, empolgação e recompensa.
Arginina Vasopressina: neuropeptídeos que regulam a homeostase da água e a função renal, e estão associados a relacionamentos monogâmicos de longo prazo.
Cortisol: o hormônio do estresse que influencia a
inflamação,
os níveis
de açúcar
no sangue, o metabolismo e a formação da memória,
coisa que o apoio social ajuda a manter em equilíbrio.
Esses agentes bioquímicos são todos
atores em uma performance maior que apresenta quatro redes principais no
cérebro, cada uma das quais desempenhando um papel especializado e integrador
no processamento de informações sociais.
1. A rede de "percepção
social" está centrada na amígdala (o "detector de fumaça
emocional" do cérebro) e molda os efeitos da emoção na tomada de decisões
sociais, particularmente no que se refere à ameaça percebida, saliência social,
criação de vínculos com outras pessoas e dor social.
2. A rede “mentalizante” está
envolvida ao pensar ativamente nos outros e também ao refletir sobre si mesmo.
(Há uma grande sobreposição aqui com a rede de modo padrão, que está
"ligada" quando nossa atenção para o mundo exterior está
"desligada".)
3. Uma rede “focada na empatia” entra
em ação quando os indivíduos têm uma experiência emocional vicária ao ver e
sentir as emoções dos outros.
4. A rede "espelho" que opera quando observamos as ações dos outros,
ativando as mesmas vias neurais no cérebro do observador que aquele envolvido
na atividade.
Como um jogo de “etiqueta”
neurobiológica (tag game: jogo com 3 ou mais participantes e no qual os
jogadores tentam tocar a mão dos outros, dizendo “voce foi etiquetado”. A
pessoa etiquetada cai for a do jogo. Sensacional para criançada, já que é
melhor ao ar livre e não precisa de nenhum equipamento), a conexão humana
positiva e carinhosa catalisa uma poderosa reação em cadeia de promoção da
saúde em nossos cérebros e corpos.
Maneiras de cultivar relacionamentos
que parecem a luz do sol:
• Priorize a qualidade sobre a
quantidade.
• Encontre maneiras de ter um tempo
cara a cara com sua equipe principal de apoio, mesmo que por enquanto, seja só virtual. Se não pode ser física, a
proximidade visual é a segunda melhor coisa para manter conexões próximas.
• Agende um horário com os amigos, assim
como faria em uma importante reunião de trabalho. Lembre-se de que nós,
humanos, somos mais saudáveis no contexto de relacionamentos de apoio com os
outros: Eu + Nós = ENOS (ou como diziam em Taubaté, é nóis, e não, a autora não
tem nada a ver com isso, foi pura licença poética lembrando da terrinha) isolamento
é prejudicial à nossa saúde mental e física.
Inspire a energia iluminada pelo sol que é a
amizade, ouça sem fazer julgamentos, com todo o seu coração e esteja presente.
Reúna as pessoas que você ama,
pessoalmente ou agora, via Zoom. Compartilhe histórias e piadas, ria, chore,
cante e dance.
Não se sinta limitado aos humanos,
Nossos caninos SEMPRE parecem com a luz do sol, o tipo puro e não adulterado
que está enraizado no amor incondicional.
Enquanto pensamos sobre o caminho à
frente, pós-pandemia ou outros, cultivar relacionamentos de alta qualidade é a
prioridade # 1. Aprendendo com o Estudo de Harvard e cercando-nos de pessoas
que se sentem como a luz do sol, podemos experimentar os momentos de energia
relacional que promovem a saúde, afirmam a vida, são psicologicamente
libertadores, espiritualmente estimulantes e que inspiram a maior de todas as
histórias: a de uma vida bem vivida no contexto de um legado multigeracional de
saúde e felicidade alimentado pela Vitamina C (Conexão) e Vitamina A (Amor).
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