TERAPIA VERSUS ANTIDEPRESSIVOS:UMA REVISÃO DA DEPRESSÃO

Depressão é uma doença de dificil tratamento, até mesmo porque, ainda estamos tentando descobrir como e por que ela aparece.

Diferentes métodos de tratamento, afetam o cérebro de maneiras drasticamente distintas, e é por isso porque terapia e medicamentos, por vezes, funcionam, e por vezes não.
É importante lembrar que depressão não é aquele caso temporário de estar triste, ou para baixo, mas sim uma situação na qual há mudanças físicas severas na forma de como o cérebro funciona.

Até o momento, sabe-se que há 2 áreas cerebrais diretamente ligadas ao problema: O córtex pré frontal, que fica bem atrás da testa e vai até quase o meio da cabeça, e a amigdala, estrutura minúscula em forma de pepita.

Os antidepressivos, considerados pelos leigos como a única coisa para tratar depressão, atuam apenas na amigdala, o que explica por que, apenas 22 a 40% das pessoas com depressão, deles se beneficiam.

Por outro lado, a Terapia Cognitivo Comportamental, tipo muito específico de terapia, parece que afeta o córtex pré frontal.

O cortex pré frontal é a parte do cérebro que, entre outras coisas, nos dá auto contrôle, coisa extremamente necessária quando há que se evitar os perigosíssimos ataques de pensamentos negativoa, na depressão, enquanto a amígdala é a coisa que ajuda a processar nossas emoções, fazendo com que possamos sentir alegria, raiva, tristeza, e todo o resto.
Em pessoas saudáveis, o córtex pré-frontal controla a amígdala , fazendo com que não quebremos a mão esmurrando paredes quando estamos com raiva ou que choremos sem parar quando estamos tristes.

Pessoas com depressão provavelmente têm um córtex pré-frontal sub-ativo, fazendo com que seu contôle sobre a amigdala se torne precário e pouco funcional, o que os torna mais propensos a emoções arrebatadoras.

Assim, partindo do pressuposto que a terapia cognitivo comportamental estimula o córtex pré frontal, faz o maior sentido o fato de funcionar bem em pessoas com depressão e que não respondem aos antidepressivos.

E isso é mais do que um pressuposto, pois 2 estudos randomizados e contolados (são o padrão mais elevado de estudo, usado para avaliar um método de tratamento), com 600 pessoas, mostraram os benefícios da citada terapia, como alternativa útil e econômica aos antidepressivos. Neles, foi demonstrado que pessoas fazendo terapia eram menos propensas a voltar a terem depressão depois de parar com a terapia, do que os que paravam de tomar a medicação, ou seja, o efeito terapeutico é mais duradouro que o efeito medicamentoso.

Infelizmente, ainda não sabemos direito o que é que desarranja no cérebro das pessoas com depressão, pois, embora muitos apresentem sintomas semelhantes, a saber, sentimentos de inutilidade, pontos de vista exageradamente negativos sobre si mesmo e o mundo, dificuldades de lidar com tarefas do dia a dia, os mecanismos subjacentes a esses sintomas variam de pessoa a pessoa, e como resultado, cada um responde de forma diferente a diferentes tratamentos.

Para alguns, os antidepressivos são um milagre, para outros o é a terapia, para outros ainda há a necessidade de combinação de terapia a medicamentos, e para os mais azarados, nada funciona (ainda bem que esse número é muito baixo, se comparado às mudanças produzidas pelos medicamentos e pela terapia).

Um estudo de 2007, descobriu que um pequeno grupo de adultos deprimidos, com uma amigdala hiperativa e um córtex pré frontal sub ativo, pode reverter o desequilibrio em apenas 14 semanas de terapia cognitivo comportamental.

Ainda não é solução perfeita, há um longo caminho a ser percorrido, pois as lacunas em nosso conhecimento sobre como o cérebro funciona, tornam quase impossível desenvolver tratamentos perfeitos. Outro grande desafio é que ainda não podemos prever quem irá responder a antidepressivos e quem irá responder à terapia, embora os estudos na área prometam belissimas novidades para muito breve.

Por enquanto, o tratamento continua a ser um processo de tentativa e erro que pode ser longo e doloroso.

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